GT 47. Extensão Universitária: desafios e propostas para a ação e formação em antropologia
Coordenador(es):
Luciana de Oliveira Chianca (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)
Luciana Gonçalves de Carvalho (UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará)
Sessão 1 - EXTENSÃO COMO ESPAÇO DE ATUAÇÃO DE DOCENTES E DISCENTES DE ANTROPOLOGIA
Debatedor/a: Regina Célia Reyes Novaes (UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
Sessão 2 - EXPERIÊNCIAS EXTENSIONISTAS E COCRIAÇÃO
Debatedor/a: Miriam Pillar Grossi (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Embora a construção reflexiva e dialógica seja reiteradamente incentivada pela pesquisa de inspiração participante, as ações de extensão restam subvalorizadas na formação de antropólogos(as), fundamentada por concepções que rejeitam formas “aplicadas” da disciplina e por critérios avaliativos da nossa cultura acadêmica, que privilegia a pesquisa e considera a extensão como “a prima pobre” da universidade. Considerando que saberes acadêmicos, científicos ou humanísticos pressupõem uma fusão de horizontes com saberes populares e locais, não podemos nos furtar este debate, recentemente potencializado por diretrizes legais exigindo a incorporação e ampliação da extensão nas matrizes curriculares dos cursos de graduação no Brasil. Fomentando tal discussão, o GT reunirá trabalhos que abordem a indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão na formação acadêmica e na constituição de saberes decorrentes de experiências de extensão com professores e estudantes de antropologia. Focaremos aspectos conceituais, metodológicos, políticos, relacionais e pedagógicos da extensão universitária em diferentes contextos da nossa atuação (educação, arte, saúde, meio ambiente, patrimônio cultural, igualdade racial, direitos humanos, desenvolvimento local... ), problematizando as condições objetivas e subjetivas das ações e mediações antropológicas de caráter extensionista junto a diferentes grupos sociais, reforçando uma concepção crítica do conhecimento e da form(ação) continuada das Universidades.
Resumos submetidos |
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"Coletivo Direitos Humanos, Cinema e Afetos": trajetória e atuais desafios de um projeto de extensão no sul de Minas Gerais Autoria: Carmem Lúcia Rodrigues (UNIFAL-MG - Universidade Federal de Alfenas) Autoria: O projeto de extensão denominado "Coletivo Direitos Humanos, Cinema e Afetos", sediado na Universidade Federal de Alfenas no sul de Minas Gerais, foi originalmente concebido como um grupo de estudos sobre Antropologia e Direitos Humanos. Após cerca de um ano de estudos com um grupo de estudantes de graduação das Ciências Sociais, o Projeto veio a ser aprovado em um edital interno da Unifal-Mg e em 2020 deu continuidade ao segundo ano de execução. O chamado “Coletivo DiHCA” tem como propósito agregar a comunidade acadêmica e movimentos sociais locais voltados à promoção e à defesa de direitos humanos, especialmente os direitos de sujeitos coletivos excluídos historicamente: mulheres, negras e negros, comunidade LGBTQIA+, indígenas. São duas as frentes principais de atuação do Projeto: a primeira voltada à organização de atividades artísticas e/ou culturais, dentro e fora da universidade, de maneira a ampliar a sensibilização por meio da projeção de audiovisuais, performances teatrais, dança, exposição de fotografias e rodas de afetos. Nesses momentos, a dimensão dos “afetos” é abordada em ambas as dimensões já analisadas na antropologia: no sentido da “emoção que escapa da razão”, e no sentido do resultado de um processo de "afetar-se". A segunda frente é dedicada à produção de conhecimentos a respeito dos direitos humanos, pelo viés da antropologia. A intenção é, antes de mais nada, situar essa reflexão no contexto brasileiro contemporâneo de maneira a recepcionar propostas de movimentos sociais e pensar algumas normas relacionadas à “política da diferença”, recentemente aprovadas no país (a exemplo das cotas étnico-raciais). Após o primeiro ano de implantação do projeto, em que foram realizados estudos e debates conduzidos pela docente e antropóloga, coordenadora do Projeto, foram produzidas e aprovadas três iniciações científicas (ICs) em editais internos da Unifal. Além disso, tem sido efetivado o diálogo intercultural e interétnico por meio do convívio e troca de saberes com indígenas da etnia Kiriri, em uma aldeia situada na região, que resultou na aprovação de uma das ICs. A parceria com indígenas tem sido crucial para demonstrar a riqueza de outras formas de pensamento, cosmologias e de modos de vida para além das legitimadas pela ciência moderna ocidental. O Projeto ainda se articula às disciplinas optativas oferecidas pela coordenadora: “Antropologia e Direitos Humanos”, “Sociedade, Natureza e Cosmologias Ameríndias” e “Multiculturalismo, Direito à Diferença e Reconhecimento”. A rica experiência obtida pela equipe que integra o Coletivo DiHCA aponta possíveis caminhos para futuros projetos e ações de extensão universitária assim como inúmeros desafios, de ordem institucional, a serem apresentados e discutidos neste GT.
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A extensão universitária no enfretamento da pandemia de Covid-19 entre a população quilombola no Pará Autoria: Veridiana Barreto do Nascimento (UNIFAP - Universidade Federal do Amapá), Sergio Gabriel Baena Chêne
Raimundo Magno Cardoso
Luciana Gonçalves de Carvalho
Autoria: Trata-se de um relato de experiência em andamento, iniciada em meio à expansão da Covid-19 no Pará com o objetivo de atender a demandas específicas das comunidades remanescentes de quilombo do estado, principalmente no que tange ao acesso à informação e à orientação em saúde, bem como à produção sistemática de dados sobre efeitos da doença entre a população quilombola. O work vem sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar coordenada por uma antropóloga e integrada por bolsistas e voluntários do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente (Sacaca), da Ufopa, em parceria com a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo – Malungu. Os extensionistas universitários atuam em intensa colaboração com diretores e membros da entidade representativa das comunidades quilombolas. Considerando que o grupo tem membros em diferentes municípios e há restrições à mobilidade, as frequentes interações diárias ocorrem apenas por meio de redes sociais. Do mesmo modo, as informações produzidas, registradas e sistematizadas pelo grupo circulam nas redes sociais, alcançando cerca de 250 pessoas que podem replicá-las em suas localidades. No âmbito desta experiência, os profissionais e estudantes universitários são instados a desenvolver e aprimorar a sensibilidade antropológica ao colocarem em prática conhecimentos oriundos de diferentes áreas científicas. Dessa maneira, a antropologia perpassa todos os works, desde a produção de arte de materiais informativos (áudio, vídeo, texto e imagem) até o atendimento virtual oferecido por profissionais de saúde. Da parte das comunidades há, também, um esforço de adaptação para o exercício dos works de base comunitária com os recursos de comunicação disponíveis e passíveis de utilização em um contexto de distanciamento social (por exemplo, a improvisação de um carro de som para divulgar áudios da campanha de prevenção produzidos pela equipe). Enfim, a experiência de extensão em questão, além de estar sendo importante para o enfrentamento da pandemia entre a população quilombola do Pará, veio a constituir uma oportunidade dialógica muito inspiradora tanto para a pesquisa quanto para o ensino de antropologia, ao permitir que docentes e discentes interajam continuamente fora de seus espaços (físicos e simbólicos) tradicionais.
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Antropologia e Extensão: a importância das ações da extensão universitária Autoria: Stephane Ramos Araújo (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) Autoria: Durante o meu período de graduação em antropologia na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) em Foz do Iguaçu, tive a oportunidade de participar do Programa de Educação Tutorial (PET) que tem como um dos seus principais objetivos unir os três pilares acadêmicos: ensino, pesquisa e extensão. O grupo no qual eu participava era interdisciplinar e o olhar antropológico se fazia presente em todas as ações de extensões que realizávamos, se faz necessário destacar que dos doze bolsistas, três eram estudantes do curso de antropologia. Neste work, destaco as oficinas realizadas no ano de 2017 em uma escola periférica de Foz do Iguaçu. Nessa atividade, dividimos o grupo em eixos e a antropologia teve o seu espaço no eixo de diversidade, onde tivemos a oportunidade de abordar assuntos como: a noção do eu, racismo, xenofobia, machismo, padrões de beleza, orientação sexual e bullying, esse último foi uma demanda da escola (Araújo, 2018). Na situação atual brasileira, ações de extensões que abordem essas temáticas, talvez, não tenham tanto espaço como tivemos em 2017. As ações de extensão no Brasil se faz cada vez mais necessária, a população precisa saber e entender que a universidade é pública e que todos podem ter acesso à ela, e o papel da extensão é justamente unir a universidade com a comunidade (Araújo, 2019). Diante do exposto, este work vai abordar temas como: extensão, antropologia, diversidade, desafios e comunidade.
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Cineclubismo, debates socioambientais e olhares antropológicos: a experiência do Cineclube Socioambiental Campos Autoria: Maria Gabriela Scotto (UFF - Universidade Federal Fluminense) Autoria: O Cineclube SocioAmbiental Campos (CiSAC) começou suas atividades em 2011 como projeto de extensão vinculado à área de antropologia do Departamento de Cs. Sociais da UFF Campos (RJ). As reflexões apresentadas neste work são resultado da reflexão, como antropóloga, pesquisadora e professora, sobre a experiência do CiSAC acumulada ao longo destes nove anos de funcionamento. Postulamos que uma das principais contribuições do CiSAC consiste, não apenas em estimular um olhar crítico sobre as temáticas debatidas junto ao público participante das sessões mas também, e principalmente, a de ser capaz de desenvolver um olhar antropológico crítico sobre as relações natureza(s) / cultura(s) junto aos alunos e alunas do curso de ciências sociais que participam ativamente como membros da equipe organizadora do CiSAC. O CiSAC tem como objetivo principal o de problematizar junto à sociedade, através da exibição e análise crítica de filmes e documentários, temáticas que abordam os impactos sociais e ambientais negativos do atual modelo de desenvolvimento como, por exemplo, os causados pelos 'grandes projetos de infraestrutura', assim como por outras atividades econômicas associadas à “promoção do desenvolvimento”. Pretende-se, através desta iniciativa, contribuir, desde uma perspectiva antropológica, para a compreensão da forma desigual e injusta em que se distribuem as 'externalidades' ambientais, atingindo aos grupos mais vulneráveis social e ambientalmente. Para atingir esse objetivo, recorremos ao formato 'cineclube' concebido como um espaço político e educacional que estimula a reflexão e o debate; desenvolve a formação de um olhar sensível às diversas e múltiplas relações das sociedades com a(s) natureza(s) em volta.
Cabe destacar que as ciências sociais, e em particular a antropologia, com uma importante tradição de 'estranhamento' de práticas culturais diversas, e de recuperação da perspectiva e da visão dos próprios sujeitos envolvidos nas dinâmicas sociais estudadas, é uma 'arma' privilegiada para contribuir para esse debate. Principalmente para o que tange às relações natureza-cultura/sociedade. Também o é a visibilização dos conflitos socioambientais que, no que mobilizam grupos e populações locais 'atingidas', permitem evidenciar o lado injusto, social e ambientalmente, do desenvolvimento.
As conclusões sobre os resultados desta experiência na formação de um olhar antropológico problematizador das relações natureza(s) / cultura (s) junto aos alunos e alunas do curso de Cs. Sociais estão baseadas na auto-reflexividade sobre a experiência, em etnografias das sessões do CiSAC, na análise das fichas de avaliação preenchidas pelo público após as sessões, e em entrevistas abertas com alunos de Cs. Sociais integrantes da equipe cineclubista.
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Entre terreiros, periferias e work sexual: os desafios da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação de antropólogos/as Autoria: Louise Prado Alfonso (UFPEL - Universidade Federal de Pelotas), Martha Rodrigues Ferreira Autoria: A presente proposta visa apresentar alguns dos resultados das ações geradas a partir da articulação do projeto de pesquisa Margens: Grupos em Processos de Exclusão e suas Formas de Habitar Pelotas/RS e três projetos de extensão: Terra de Santo: Patrimonialização de Terreiro em Pelotas/RS; Passo dos Negros: Exercício de Etnografia coletiva para antropólogos/as em formação; e Mapeando a Noite: O universo travesti, todos desenvolvidos no âmbito do Grupo de Estudos Etnográficos Urbanos (GEEUR) da Universidade Federal de Pelotas. As ações dos projetos envolvem uma espiral, partem de atividades da extensão como rodas de conversa, exposições, propostas de patrimonialização, entre outras demandas de comunidades, que geram dados que alimentam o projeto de pesquisa e seguem para reflexões e debates em disciplinas obrigatórias e optativas do Bacharelado em Antropologia e do Programa de pós-graduação em Antropologia, ambos da UFPel. Esse processo levanta debates que voltam às comunidades e projetos, também resultando e uma gama de works acadêmicos.
Como estudo de caso apresentaremos a aproximação dos projetos de extensão com a disciplina Seminários em Antropologia e Tópicos especiais em Antropologia e Arqueologia “Cidades e suas Margens: trajetos, percursos e mapas”, considerando Paisagens enquanto agentes, em constante construção. A disciplina objetivou a elaboração de cartografias que rejeitam a concepção linear de tempo, a inércia dos mapas e a paisagem apenas enquanto um cenário, buscando alternativas e críticas aos mapas modernos que congelam e eliminam a presença e as formas de habitar e conceber a cidade dos grupos sociais que a constróem. Estes mapas foram levados para a exposição “Patrimônios Invisibilizados: Para Além dos Casarões, Quindins e Charqueadas” montada pelas comunidades em 2019, durante as celebrações do Dia do Patrimônio, na Bibliotheca Pública Pelotense. Os resultados desta experiência compuseram alguns works acadêmicos, dentre eles quatro dissertações de mestrado atualmente em andamento.
Por fim, pretendemos apresentar os desafios que temos enfrentado, desde 2016, para concretização desta proposta que ressalta a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação acadêmica e na constituição de saberes, considerando os próprios limites das universidades na formalização destas ações, como: registros nos sistemas acadêmicos, autorização da participação das comunidades em bancas e atividades acadêmicas, emissão de certificados, validação da aproximação entre graduação e pós-graduação, entre outras.
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MuseoLógicas Podcast: apontamentos críticos acerca da relação entre novas tecnologias e a extensão universitária. Autoria: Hugo Menezes Neto (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco), Francisco Sá Barreto Autoria: Este work trata-se de uma análise acerca do projeto de extensão MuseoLógicas Podcast, ligado ao Departamento de Antropologia e Museologia (DAM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O projeto ancora-se na demanda da sociedade por acesso à produção e aos debates realizados pelas universidades. Desse modo, com o objetivo de investir em novas maneiras de elaborar devolutivas à sociedade com o resultado das pesquisas acadêmicas de cunho antropológico, e de difundir debates engendrados por especialistas /ou intelectuais que estão fora da academia, o projeto se propõe a atender aos usos atuais das plataformas virtuais e do consumo de informação qualificada pela internet.
O podcast, projeto em atividade desde 2019, se mostra uma potente devolutiva da Universidade e um profícuo meio para tal difusão, por se tratar de uma mídia de transmissão de informações que se apresenta em contínuo crescimento no mundo. São programas de áudio, de 20 a 60 minutos de duração, postados quinzenalmente, sobre temas ligados à cultura, questões sociais, aos museus e aos patrimônios, disponibilizados em plataformas como soundcloud, deezer e spotfy. Tais programas são constituídos de entrevistas com especialistas do tema sugerido e/ou debates, nos quais participam pesquisadores e/ou especialistas no assunto, mediados pela equipe de alunos e professores do DAM/UFPE envolvidos na equipe. O projeto prevê, como efeito, a construção de um grande acervo de arquivos de áudio cujo conteúdo são programas com discussões antripológicas variadas e de relevância social, transmitidos gratuitamente por meio de aplicativos da internet. O reconhecido alcance da ação explica-se pela facilidade da ferramenta, de uso simples e conveniente, que se ajusta à dinâmica do ouvinte, podendo ser acessado pelos celulares em qualquer lugar e hora.
Este artigo atenta para a força e os limites de uma extensão universitária feita para ser veiculada na internet. Traremos um olhar crítico à ação a partir da análise dos 16 programas já produzidos em 01 ano (de março de 2019 a março de 2020), refletindo sobre a produção e a recepção dos programas, com vistas a iluminar as etapas do processo, além de destacar o exercício da pesquisa teórica sobre os temas previstos, tanto quanto os efeitos e o alcance do produto. Com vistas a carência de devolutivas acadêmicas ligadas à dinâmicas interativa contemporâneas e novas formas de sociabilidade, a pergunta norteadora liga a construção das reflexões aqui propostas: como essa extensão universitária baseada em novas tecnologias colabora efetivamente para sanar o distanciamento entre a universidade e a sociedade?
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Os diferentes significados do envelhecimento: um olhar antropológico sobre uma roda de conversa realizada com mulheres participantes da ação de extensão Envelhecimento Ativo - UNAPI/UFMS Autoria: Juliana Cristina dos Santos Duarte (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Guilherme Rodrigues Passamani Autoria: O presente artigo analisa uma roda de conversa realizada na Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UNAPI/UFMS) na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Nossa análise se concentrou nas falas de mulheres idosas, participantes ação de extensão denominado Envelhecimento Ativo, a respeito de suas vivências do envelhecimento, dando destaque ao significado por elas atribuído a ele, salientando também algumas dinâmicas das especificidades vividas por elas nesse processo. O objetivo principal para da roda de conversa foi estabelecer diálogo a respeito de como é estar na chamada “terceira idade”. Além da oralidade, na roda de conversa, utilizou-se como ferramenta de acesso às considerações das interlocutoras, a escrita. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, com viés etnográfico, o presente estudo é respaldado pelo work de campo tendo em vista seu caráter interpretativo, que se baseia no que acontece nessa ocasião, neste lugar, partindo do que pessoas específicas dizem. O encontro com um grupo tão específico (mulheres à partir dos 60 anos), demonstra a importância de ações de extensão que fomentem a participação de pessoas antes excluídas do ambiente universitário. Neste sentido, entender como essas mulheres vivenciam o envelhecimento reforça a importância do espaço dialógico fomentado pela UNAPI, bem como sinaliza uma forma de inclusão deste grupo no ambiente universitário por meio de ações de extensão.
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Pensando a fotoetnografia: Uma análise da oficina de compostagem realizada em Iranduba/AM pelo Projeto Revolução dos Baldinhos, de Florianópolis/SC Autoria: Adriana Eidt (FACEPE) Autoria: Esta pesquisa é um work etnográfico realizado no projeto intitulado “Avaliação de Tecnologia Social - O Programa Revolução dos Baldinhos e a replicação da gestão comunitária de resíduos orgânicos em comunidades de Florianópolis e Iranduba (AM)”, aprovada pelo programa CNPq/MCTIC/MDS no. 36/2018, vigente de março de 2019 até dezembro de 2020. Esse projeto teve como intuito a avaliação da ampliação/replicação do modelo de Tecnologia Social de gestão comunitária de resíduos orgânicos do Projeto Revolução dos Baldinhos (PRB), que é desenvolvido na comunidade Chico Mendes, em Florianópolis, e a sua replicação realizada em Iranduba, região metropolitana de Manaus. Para desenvolver essa pesquisa foi utilizado o método etnográfico de observação participante e de descrição densa das experiências obtidas em work de campo, além uso da fotografia e vídeo nesse processo.
Por se tratar de um projeto de Extensão, existe uma demanda de que haja uma contrapartida para a comunidade. Além de fazer uma avaliação de tecnologia social, foi proposto de no produto final a realização de um material audiovisual tanto do campo em Florianópolis como da Oficina em Manaus. Esse work em específico faz o recorte da oficina de compostagem que foi realizada em Iranduba.
Pensando nas questões de compartilhamento e restituição estudados na Antropologia Visual, que foi construído o roteiro do vídeo que está sendo editado. Compartilhar envolve construir as imagens com os protagonistas e devolvê-las. Já a restituição segundo a antropóloga Carmen Rial, engloba o compartilhamento sem ele ser sinônimo, e no caso essa devolução pode ser feita não somente para esses protagonistas, como também em forma de entrevistas, artigos acadêmicos, palestras para publico não acadêmico (RIAL, 2016)
Assim, as análises se permearam nos usos dos meios audiovisuais e como foram pensadas as categorias compartilhamento e restituição nesse processo. Além de levantar questões de como esse work poderia afetar as comunidades participantes.
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“Mulheres nos Inhamuns” e o fazer antropológico em projetos de extensão no ensino médio. Autoria: Tatiane Vieira Barros (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) Autoria: A experiência de dar aulas para ensino médio no Instituto Federal do Ceará campus Tauá trouxe consigo grandes descobertas acerca da docência. A primeira abriu os horizontes para como fazer o diálogo entre Sociologia e Antropologia para aquele público, quais estratégias e possibilidades. Considerando que nesta instituição, fazer pesquisa se diferencia, muitas vezes, dos métodos e técnicas das pesquisas em Ciências Sociais, a extensão se tornou um lugar em potencial para desenvolver o saber antropológico. Deste debate surge a ideia de realizar um projeto de extensão que envolvesse um estudo antropológica sobre o protagonismo e relevância social da história de mulheres da Região dos Inhamuns/CE. O projeto “Mulheres nos Inhamuns: narrativas e silêncios” se voltava a promover o aprendizado interdisciplinar e a iniciação à pesquisa e extensão de alunos e alunas do curso integrado de Redes de Computadores. Visando encontrar e repensar a história da região, olhar para às mulheres foi uma forma de mostrar aspectos historiográficos, culturais, sociais, profissionais e de outras áreas do protagonismo. Aprender antropologia se dava por meio do conhecimento e das descobertas das histórias daquelas mulheres. Promovendo um encontro com a pesquisa, alunos e alunas puderam pensar sobre os silenciamentos nas narrativas da região e escrever sobre esses aprendizados. Voltando-se à reflexão que a extensão é um lugar por excelência das humanidades e dos seus campos de pesquisa, este work se propõe a apresentar a experiência e discutir sobre o conhecimento e os estudos antropológicos a partir dos projetos de extensão.
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“Vamos convidar um artista?”: Duas pesquisas de extensão a favor de produção de saberes e mediação junto com crianças e jovens. Autoria: Odile Elise Augusta Reginensi (UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro), Teresa de Jesus Peixoto Faria Autoria: Os projetos "Integração socioespacial, questão ambiental e cidadania" e "AntropoArte" são projetos de extensão da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense, Darcy Ribeiro, em Campos dos Goytacazes, cidade média, situada ao norte do estado do Rio de Janeiro. A cidade sofre dos mesmos problemas da maioria das metrópoles brasileiras: expansão e densificação urbana acelerada e desordenada, déficit habitacional, fragmentação social e espacial. Segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), Campos dos Goytacazes tinha 463.731 habitantes, dos quais 5.777 em 27 favelas. As favelas são uma das expressões mais marcantes da desigualdade. No entanto, vale destacar a diversidade de formas de dinamismo social, econômico e cultural das favelas e que elas fazem parte do processo de urbanização.
O primeiro projeto questiona o cotidiano das crianças que vivem no conjunto de moradias sociais, chamado “Portelinha”, próximo à Uenf, e que "ocupam" regularmente os espaços comuns e de estudo da universidade.
O segundo projeto, AntropoArte foi desenvolvido no contexto de uma favela chamada Margem da Linha do Rio. A favela, por sua linearidade, atravessa vários bairros e distritos. Um grupo de jovens que praticam teatro e performance, em um centro comunitário, são os protagonistas do projeto. Os dois projetos têm como pano de fundo a questão das remoções, que levam as populações a mudarem para locais, muitas vezes distantes de seu tecido relacional e de todos os serviços urbanos.
Desenvolvemos uma metodologia original que é inventada junto com as crianças e jovens, baseada em observações, registros fotográficos, performances, em forma de oficinas. Cada três ou seis meses organiza-se uma fase devolutiva que, em maio de 2019, se concretizou convidando um artista francês, 2SHY, oriundo do grafite, mas não exclusivamente, que desenvolveu oficinas com crianças e adolescentes dos dois projetos de extensão.
Trata-se, primeiramente, de considerar a criança ou o jovem como um ator de pleno direito dentro e fora do universo da favela. Em segundo lugar, o work com o artista permitiu potencializar as pesquisas de extensão como tantas maneiras de ensinar e pesquisar, praticando mediação com diversos atores envolvidos nas nossas pesquisas. O que esses atores, em particular, os jovens protagonistas nos ensinam sobre a cidade, suas ruas e sobre uma universidade pública? É a pergunta em debate neste work. O que depreendemos, é que esse/a/s adolescentes e crianças interagem ‘‘tranquilamente’’ com os espaços e ambientes ao seu redor; que por meio da arte e de atividades lúdicas, ele/a/s nos revelam seus lugares “secretos”, suas formas de apreensão dos espaços, suas visões de mundo, nos permitindo outra leitura da realidade social e urbana.
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Diálogos Prisão-Universidade: Algumas considerações sobre Convict Criminology no Brasil a partir da experiência do projeto “Outra Visão” Autoria: Adeilson Luís Pinheiro Viana (UEMA - Universidade Estadual do Maranhão) Autoria: Neste work, busco relatar a experiência acerca da criação e implementação do projeto de extensão “Outra Visão”, da UEMA – Universidade Estadual do Maranhão, em parceria com a University of Westminister (Inglaterra) e o Núcleo de Monitoramento Carcerário do Maranhão, em uma unidade da APAC – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, em São Luís do Maranhão. O projeto em questão é inspirado no Making Links, desenvolvido pelos pesquisadores e ativistas da Convict Criminology, Dr. Sasha e Dr. Andreas Aresti, na Inglaterra, que visa incluir a presença das instituições de ensino superior nas prisões, por meio da oferta de cursos, oficinas e workshops de criminologia aos presos. No caso brasileiro, especificamente em São Luís, o projeto se inicia com um Curso de Formação Social, realizado e organizado a partir de diálogos, negociações e tensões entre a UEMA, APAC, órgãos de fomento e órgãos institucionais. A Convict Criminology (Criminologia dos Condenados), movimento originado por pesquisadores nos Estados Unidos, diz respeito a uma abordagem criminológica que considera as experiências concretas de pessoas em privação de liberdade para a definição de um novo campo de estudo, políticas carcerárias e penais. Este novo campo se diferencia das teorias criminológicas consolidadas, elaboradas por teóricos e teóricas do Direito e da Sociologia, na tentativa de combater deturpações (Jones et. al, 2009) a partir da elaboração de questões e análises de ex-presidiários, hoje professores e doutores. No Brasil, recentes estudos antropológicos acerca da prisão e do crime oferecem contribuições que se conectam com as teorias presentes na Convict Criminology, considerando que os indivíduos aprisionados tecem reflexões riquíssimas acerca das experiências que vivenciam e das suas próprias existências (Biondi, 2018). Proponho, nesse sentido, realizar esse diálogo a partir de meu percurso nas atividades de pesquisa e extensão. Considero que a crítica aos dualismos positivistas da separação pesquisa/extensão, bem como sujeito/objeto, deve ser feita para pensar a Antropologia e a Extensão Universitária. Desta forma, nos apoiamos em uma Antropologia da Práxis (Cardoso, 2006) para desenvolver uma Etnografia nos Interstícios (Furtado, et. al. 2018) como intenção metodológica. Nas atividades do Curso de Formação Social (que contou com temas importantes como raça, racismo, gênero, sexualidade, work e meio ambiente), a expressiva participação dos recuperandos chamou nossa atenção e desconstruiu pré-conceitos acerca desses sujeitos. O diálogo entre “alunos de dentro” e “alunes de fora” contribuiu para o desenvolvimento deste projeto, evidenciando o potencial transformativo da educação nas prisões (Darke & Aresti, 2016), por meio do diálogo entre universidade e prisão.
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Memória e história de vida entre idosos residentes em João Pessoa Autoria: Thaís Lopes Vasconcelo (UFPB - Universidade Federal da Paraíba), Thaís Lopes Vasconcelos
Jaqueline Figueredo Silva Autoria: O presente projeto possui estreito diálogo com a Antropologia e os estudos da memória. Objetivávamos, de inicio, apreender como os idosos, abrigados no Centro Espírita Nosso Lar, constroem suas histórias de vida a partir da memória. Mas, diante da pandemia em que nos encontramos, o projeto teve seus objetivos e metodologia modificados, ampliando-o para a questão do idoso e suas experiências com o isolamento social. Assim, buscamos refletir sobre este segmento populacional e suas experiências com o COVID 19 em situação de isolamento social. O projeto está em execução, desenvolvido junto ao Programa de Extensão da Universidade Federal da Paraíba. Deste modo, busca-se instigar ações de valorização de práticas e valores de um determinado segmento etário, por meio da escuta de suas falas, lembranças, eventos destacados, concepções sobre o isolamento forçado, o medo de adoecer e morrer e os sentidos correlatos. A pesquisa contempla idosos acima de 60 anos que estejam em situação de isolamento social por conta da covid-19, problematizando a ideia de “grupo de risco” através das visões nativas a respeito. A metodologia utilizada é formada por entrevistas on-line (via whatsapp, e-mail e telefone), tendo como técnica a entrevista aberta, não estruturadas, com perguntas chaves para abrir a conversação com os nossos interlocutores, incentivando um diálogo mais aberto e livre. A prática extensionista possibilita aos alunos desenvolverem competências no campo de sua área de estudo, bem como promove o conhecimento da realidade local através do debate sobre cultura, gênero e relações sociais. O projeto impulsionou o pensamento para a problematização do papel do idoso em nossa sociedade, fazendo uma reflexão a respeito de grupos etários, e em como o envelhecimento é estigmatizado em nossa sociedade, bem como, a possibilidade de entender melhor a questão do idoso no contexto atual de pandemia.
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Mundaréu: Refletindo sobre os desdobramentos de extensão de um podcast de Antropologia Autoria: Julia Couto da Mota (UNB - Universidade de Brasília), Soraya Fleischer
Daniela Manica
Vinicius Fonseca Autoria: O Mundaréu é um podcast de Antropologia criado em 2019 pelas professoras e antropólogas Soraya Fleischer (UnB) e Daniela Manica (Unicamp), que intenta apresentar, traduzir e expandir o que seja o conhecimento da área de Antropologia para um público mais amplo. O projeto, que envolve pesquisa, ensino e extensão, conta também com a participação de estudantes bolsistas de graduação e mestrado.
A primeira temporada do podcast, previsto com um conjunto de 8 episódios, possui o seguinte formato: uma antropóloga (o) é convidada, e ela convida um (a) interlocutor(a) que teve importância significativa para a realização da sua pesquisa. Para cada episódio, uma nova dupla. Tal dinâmica de diálogo nos fazer conhecer melhor, enquanto comunidade acadêmica e também comunidade mais geral, sobre os métodos etnográficos, as parcerias entre interlocutor-pesquisador, o work de campo e suas dificuldades, assim como as facilidades e os supostos desdobramentos sobre os resultados de uma pesquisa antropológica. Além disso, esse formato provoca como convencionalmente pesquisadores/as e antropólogos/as tem divulgado resultados, em geral, falando sobre o outro. No Mundaréu, ambos - antropóloga e interlocutora - falam juntas e em diálogo sobre a pesquisa.
Esse formato possibilita, através de uma linguagem mais acessível, que o público amplo de ouvintes possa conhecer, através das histórias, como funciona a produção de conhecimento na Antropologia e as relações que a constituem. Em julho, quando ocorrerá a 32º RBA, eu e o Vinicius Fonseca (Unicamp), teremos concluído nosso PIBIC sobre o Mundaréu, e acreditamos que estaremos aptos para contribuir no debate sugerido por esse GT. Durante a exposição de nosso work e as sessões do GT, vamos disponibilizar recursos para que os interessados possam ouvir e conhecer o programa.
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Mundaréu: Refletindo sobre os desdobramentos de extensão de um podcast de Antropologia Autoria: Vinícius Leonardo da Fonseca (Labjor), Julia Couto
Soraya Fleischer Autoria: O Mundaréu é um podcast de Antropologia criado em 2019 pelas professoras e antropólogas Soraya Fleischer (UnB) e Daniela Manica (Unicamp), que intenta apresentar, traduzir e expandir o que seja o conhecimento da área de Antropologia para um público mais amplo. O projeto, que envolve pesquisa, ensino e extensão, conta também com a participação de estudantes bolsistas de graduação e mestrado.
A primeira temporada do podcast, previsto com um conjunto de 8 episódios, possui o seguinte formato: uma antropóloga (o) é convidada, e ela convida um (a) interlocutor(a) que teve importância significativa para a realização da sua pesquisa. Para cada episódio, uma nova dupla. Tal dinâmica de diálogo nos fazer conhecer melhor, enquanto comunidade acadêmica e também comunidade mais geral, sobre os métodos etnográficos, as parcerias entre interlocutor-pesquisador, o work de campo e suas dificuldades, assim como as facilidades e os supostos desdobramentos sobre os resultados de uma pesquisa antropológica. Além disso, esse formato provoca como convencionalmente pesquisadores/as e antropólogos/as tem divulgado resultados, em geral, falando sobre o outro. No Mundaréu, ambos - antropóloga e interlocutora - falam juntas e em diálogo sobre a pesquisa.
Esse formato possibilita, através de uma linguagem mais acessível, que o público amplo de ouvintes possa conhecer, através das histórias, como funciona a produção de conhecimento na Antropologia e as relações que a constituem. Em julho, quando ocorrerá a 32º RBA, eu e o Vinicius Fonseca (Unicamp), teremos concluído nosso PIBIC sobre o Mundaréu, e acreditamos que estaremos aptos para contribuir no debate sugerido por esse GT. Durante a exposição de nosso work e as sessões do GT, vamos disponibilizar recursos para que os interessados possam ouvir e conhecer o programa.
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