OF 06. Ciganos em Perspectivas

Coordenador(es):
Edilma do Nascimento Jacinto Monteiro (UFRN)
Mirian Alves de Souza (UFF)

Ministrantes:
Sessão 1: 
Jamilly Rodrigues da Cunha
Sessão 2: 
Renan Jacinto Monteiro (Freela)
Sessão 3: 
Mirian Alves de Souza (UFF)

A proposição desta oficina surge do desejo de apresentar e discutir resultados das pesquisas empíricas que, no campo da antropologia, focalizam comunidades ciganas no Brasil e no exterior. Os ciganos representam um dos maiores grupos étnicos na Europa e estão presentes em todos os países, membros da União Europeia. Embora não existam dados demográficos confiáveis, uma vez que a “identidade cigana” não é necessariamente reconhecida por todos os censos nacionais, pesquisas informam a presença de ciganos em todos os continentes, em países como Brasil, Argentina, Colômbia, México, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Iraque, Egito e Jordânia. As activitys que compõem esta oficina visam explorar a partir de recursos áudio visual e do material etnográfico das proponentes, questões relacionadas às pesquisas que deram origem a etnografias que problematizam políticas e dados oficiais apresentados sobre os ciganos; que pensam os aspectos de contraste entre ciganos e não-ciganos a partir de questões práticas, abordando geração, gênero, performance e negociações, e que questionam conceitos e categorias usualmente definidas para se referir e pesquisar ciganos. Além disso, a oficina pretender envolver a participação de ativistas, que se propõe a explorar o protagonismo cigano e pesquisadores que trabalham com temáticas transversais aos estudos ciganos.

Resumos submetidos
Ativismo político entre mulheres Romani
Autoria: Jamilly Rodrigues da Cunha (Colegi); Lucimara Cavalcante (AMSK)
Autoria: Nas canções quase sempre estavam associadas à sensualidade e perspicácia diante de relações amorosas. Na literatura, da mesma forma, a personagem que é comparada a uma "cigana" que seduz com seu olhar ―oblíquo e dissimulado (ASSIS, 1899), nos contos infantis, a "cigana" que rouba crianças ou que tem o poder do olhar o futuro. Soria (2015, p. 91) afirma que a maioria das representações literárias da “cigana” são formadas por um acúmulo de estereótipos. Concordamos com a autora. Se fizermos o exercício de refletir sobre a representação social da mulher “cigana”, não a imaginam enquanto estudante, trabalhadora, mãe ou esposa, mas sim como uma pedinte, uma dançarina, ou, até mesmo, feiticeiras que possuem poderes mágicos. Deste modo, nossa proposta é discutir acerca das mulheres Romani no Brasil, pensando suas demandas e ações. Queremos pensar essas mulheres, desvinculadas dos estereótipos que muitos insistem em atribuir, isto quer dizer que iremos discutir mulheres reais. Além disso, dentro desse contexto, iremos discutir acerca da reivindicação de direitos a partir do recorte de gênero realizado por mulheres que se reconhecem enquanto “feministas romani”. Afinal, o que querem essas mulheres? Como se constrói esse feminismo? A partir de que elementos? Não sendo Carmens e nem Esmeraldas, como podem existir dentro de suas culturas tão distintas em um país com dimensão continental, com altos índices de exclusão social e ataques constantes a participação e ao controle social?
Homenagem aos ativistas ciganos Mio Vacite (1941-2019) e Ronald Lee (1934-2020)
Autoria: Mirian Alves de Souza (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Autoria: Esta sessão presta uma singela homenagem aos ativistas ciganos Mio Vacite e Ronald Lee. Eles foram os principais interlocutores de minha pesquisa para a tese de doutorado (2013) e o falecimento de Mio Vacite, em março de 2019, e de Ronald Lee, em janeiro de 2020, despertou o meu desejo em homenageá-los, apresentando parte de sua produção como artistas. O objetivo de minha exposição nesta oficina é focalizar aspectos que não fizeram parte ou pouco integraram os works acadêmicos desenvolvidos. A ideia é apresentar poesias, canções, textos e interpretações desses agentes políticos, realçando o quanto eles foram importantes para o movimento cigano, mas também a visceralidade de suas biografias como músicos, escritores e artistas.
Performances Calon: Algumas questões a partir do registro fílmico em campo
Autoria: Renan Jacinto Monteiro (CRIAS)
Autoria: Tomando como base a experiência vivida junto aos Calon da Costa Norte da Paraíba, durante realização de pesquisa de campo, discutirei as possibilidades que a utilização de câmeras fotográficas conferiu tanto aos pesquisadores quanto aos próprios ciganos. Para mim, enquanto antropólogo, as fotografias e filmagens permitiram o registro de ensaios cotidianos, apresentações e performances diversas realizadas, principalmente, pelos homens Calon para posterior análise antropológica. Para os Calon, as filmagens permitiam que seus ensaios e apresentações fossem vistas e revistas, oferecendo a possibilidade de aperfeiçoamento de suas performances.