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Modernidade da Inquisição: a lógica das fogueiras
Nathan Wachtel (College de France)

Terceto

Antropologia e Direitos Indígenas: da Constituição aos dias de hoje na 31ª RBA

A convite da  presidenta da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Lia Zanotta (UnB), e da organização da 31ª Reunião Brasileira de Antropologia (31ª RBA), no dia 10/12, no período da tarde, foi realizado o Terceto com os antropólogos João Pacheco de Oliveira (MN/UFRJ), Tonico Benites (Liderança Indígena Kaiowá - MN/UFRJ) e a educadora indígena, Joziléia Daniza Jagso Inácio Jacodsen, do povo Kaingang. Os três tiveram a oportunidade dialogar sobre Antropologia e Direitos Indígenas, desde a Constituição aos dias de hoje. O terceto contou com a presença da Professora Lia Zanotta à Mesa e de um amplo e interessado publico de antropólogos/as , muitos deles e delas indígenas.

“Estamos arriscando a nossa vida para efetivação de um direito conquistado, é preciso demarcar as nossas terras, fomos expulsos, nossos familiares são assassinados cotidianamente, nosso direito custa o nosso sangue, e ainda querem aplicar o marco temporal, alegando que não somos originais das nossas terras. São décadas de luta e séculos de exploração”, apresentou o antropólogo Tonico Benites, que trouxe em seu discurso a dura realidade em que vivem os Guarany Kaiowá, em Mato Grosso do Sul.

“A Terra é parte da nossa formação enquanto ser, nós e a floresta formamos o território tradicional para sermos Kaingang, tudo é complementar, demarcação já!”. Assim iniciou o debate a professora Josiléia Kaingang, que em sua fala trouxe desde a memória ancestral da ocupação territorial até as estratégias atuais de luta pelos territórios sagrados. A Kaingang destacou ainda a importância das instituições, principalmente das universidades, para as conquistas e avanços da agenda do movimento indígena.

Para o antropólogo João Pacheco de Oliveira, ex-Presidente da ABA, “as etnias indígenas são parte do patrimônio cultural brasileiro, pluralismo importante na nossa sociedade, significa grande esperança da nossa nação”. Ele que é Professor Titular do Museu Nacional/UFRJ e cujos trabalhos são incontornáveis para a compreensão dos direitos dos Povos Indígenas, ressaltou que “garantir direitos indígenas no Brasil é sempre um grande desafio, e declarar que não vamos demarcar terras indígenas é inconstitucional”.

Durante a 31ª RBA, João Pacheco de Oliveira (MN/UFRJ) concedeu ao professor Henyo Barreto, do Departamento de Antropologia (DAN) da UnB, uma entrevista realizada na UnBTV sobre o tema.

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Quarteto

Momento único para dialogar sobre casos conhecidos como autos de resistência. Conhecê-los é conhecer um pouco mais sobre homicídio praticado pela policia contra civis no Rio de Janeiro. Alegam direito de defesa do policial diante de suposta resistência do morador. Contou com a presença das professoras antropólogas convidadas Adriana de Resende Barreto Vianna (MN/UFRJ), Lucia Eilbaum (UFF), em diálogo com as líderes de movimentos sociais: Ana Paula Oliveira (Mães de Manguinhos) e Maria Dalva Correia da Silva (Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência) e com a antropóloga e cineasta Natasha Neri. Teve a mediação de Lia Zanotta Machado, Presidenta da ABA.

Em sua fala, Ana Paula Oliveira, aponta a execução da Marielle, como uma mostra assustadora dessa violência, "Marielle nos apoiava e cuidava, hoje eu vejo Marielle como nossa filha e lutamos pela memória dela”. Ana Paula teve seu filho morto. A morte de seu filho foi registrada como auto de resistência, sem qualquer prova.

“A realização do quarteto foi importante e fundamental por trazer o tema da violência de estado e institucional através da linguagem do cinema e da participação de mulheres negras que vivenciam no próprio corpo e na vida essa violência pela morte de seus filhos e por todos os efeitos que isso teve e tem nas suas vidas. Receber essas contribuições na Reunião Brasileira de Anatropologia permite explicitar e colocar em discussão o tema tão caro à vigência dos direitos humanos no Brasil” explicou a pesquisadora Lúcia Eilbaum.

Para Adriana Vianna, essa atividade indica o quanto a produção do conhecimento antropológico é indissociável das pessoas e coletivos com quem nos engajamos. Dialoga diretamente com as formas de conhecimento e as ações produzidas pelos movimentos sociais e isso nos fortalece como disciplina e como atores sociais” ressaltou a antropóloga.

As convidadas são pesquisadoras que conhecem o tema há muitos anos. São envolvidas nos movimentos sociais e de familiares que lutam, cotidianamente contra essas violações. No estado do Rio de Janeiro 5 pessoas são mortas por dia no ano de 2018.

O Quarteto teve em sua programação a exibição do filme Autos de Resistência, com direção de Natasha Neri depois de anos de pesquisa. “Encontramos grandes dificuldades nesses casos judiciais. Percebemos que os policiais não se esforçam para apurar os casos, a grande maioria dos casos são arquivados por falta de provas ou até mesmo tornam vítimas culpadas. A partir dessa angústia nas investigações, surge o filme Auto de Resistência para expor a luta de familiares em busca de justiça” argumentou Neri.

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Dueto

Debatendo a territorialidade e identidade étnica quilombola na 31ª RBA

A convite da Presidenta Lia Zanotta e da organização da 31ª Reunião Brasileira de Antropologia (31ª RBA), na tarde do dia 11/12, a líder quilombola Anacleta Pires e o antropólogo Alfredo Wagner compuseram a mesa denominada  Dueto,  estabelecendo diálogo sobre tema candente: Antropologia e Direitos Quilombolas: da Constituição aos dias de Hoje. Para completar, a dupla contou com a mediação da professora Eliane Cantarino, que, como Wagner, se dedica aos estudos de povos tradicionais e quilombolas.

A líder feminina nascida em Santa Rosa dos Pretos, no estado do Maranhão, falou da importância da RBA e da ABA para as conquistas dos quilombolas. Ela lembrou que “a antropologia é uma importante aliada na luta por direitos e que precisam ser fortalecidos os compromissos para continuar as mudanças dessa realidade tão sofrida”.

Para o antropólogo Alfredo Wagner, que é pesquisador e aliado da causa quilombola, o tema escolhido para a 31ª RBA realizada em Brasília, em 2018, foi perfeito, A Antropologia em Ação; e a luta dos quilombos no Brasil é um grande exemplo desta antropologia em ação, “a identidade quilombola não tinha reconhecimento e nosso trabalho foi fundamental nesse processo de reconhecimento da identidade e da territorialidade dos quilombos”, enfatizou o antropólogo.

Durante a 31ª RBA, a quilombola Anacleta Pires concedeu à professora Mônica Nogueira, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, uma bela entrevista, realizada na UnB TV.

Confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=l91KTECUS4