GT 10. Antropologia das praticas esportivas e de lazer

Coordenador(es):
Leonardo Turchi Pacheco (UNIFAL-MG - Universidade Federal de Alfenas)
Mariane da Silva Pisani (UFT - Fundação Universidade Federal do Tocantins)

Sessão 1 - Lazer e Sociabilidades
Debatedor/a: Luiz Fernando Rojo Mattos (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Sessão 2 - Relações de Gênero e Etnografias
Debatedor/a: Mariane da Silva Pisani (UFT - Fundação Universidade Federal do Tocantins)

Sessão 3 - Corpo, performance e noções de pertencimento
Debatedor/a: Leonardo Turchi Pacheco (UNIFAL-MG - Universidade Federal de Alfenas)

Este grupo de trabalho tem como proposta dar continuidade, ampliar e acrescentar novas reflexões realizadas nas reuniões anteriores da Reunión Antropológica del Mercosur (2001-2019) e Reunião Brasileira de Antropologia (2000-2018) nos grupos de antropologia dos esportes e do lazer. Ao se constituir como um espaço de diálogos, trocas e interlocuções, esse GT tem como objetivo reunir antropólogos (e demais cientistas sociais) que através de abordagens teórico-metodológicas diversas dedicam-se a compreender os esportes e os lazeres; suas práticas e saberes (de resistência ou cumplicidade) em um contexto que engloba o Brasil e parte da América do sul, marcado pelo crescimento do autoritarismo, conservadorismo na moral e costumes, e retrocessos em direitos, politicas públicas e sociais. Nessa perspectiva tem a intenção de acolher estudos que aprofundem e refinem os debates relativos aos esportes e lazeres em conjunção a temas como os das identidades raciais e étnicas, preconceitos sociais, sociabilidades, corporeidades, os estudos de gênero, sexualidade e erotismo, as estruturas de poder, as mídias tradicionais e as novas mídias, a ocupação de espaços urbanos e rurais, as lógicas das territorialidades e seus conflitos.

Palavras chave: Esportes e lazer; praticas e saberes;
Resumos submetidos
Algumas notas etnográficas sobre as Corridas de Tora entre os Apinajé
Autoria: Mariane da Silva Pisani (UFT - Fundação Universidade Federal do Tocantins)
Autoria: O presente work tem como objetivo principal apresentar algumas notas etnográficas - ainda iniciais - a respeito das Corridas de Tora realizadas entre os sujeitos da etnia Apinajé. É importante salientar que as observações foram realizadas em dois momentos distintos. O primeiro momento, datado entre os dias 31 de Agosto e 01 de Setembro de 2019, aconteceu durante festa da Tora Grande, na aldeia Brejinho localizada na Terra Indígena Apinajé (norte do estado do Tocantins). Já o segundo momento, datado 30 de Outubro de 2019, ocorreu na Universidade Federal do Tocantins (Campus da cidade de Tocantinópolis) durante a apresentação do projeto Grernhõxwỳnh Nywjê (Fortalecimento da Cantoria entre os Jovens nos Rituais Apinajé). Este segundo momento contou com a apresentação do grupo MẼNYWJÊ da Escola Indígena Tekator, bem como com a participação da comunidade Apinajé. Ao apresentar as notas etnográficas sobre estes dois momentos, pretendemos inicialmente: a) apresentar as especificidades da Corrida de Tora entre o povo Timbira, especialmente entre os Apinajé; b) traçar um paralelo comparativo entre os dois momentos, envolvendo e evocando noções de corporalidade, tradição, identidade e sociabilidades.
Escolas de samba e futebol no Rio de Janeiro: Botafogo Samba Clube e Imperadores Rubro Negros
Autoria: Ricardo José de Oliveira Barbieri (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Autoria: Neste work busco investigar a fundação de escolas de samba baseadas em referenciais simbólicos que remetem a times de futebol na cidade do Rio de Janeiro, com base no estudo de caso da Botafogo Samba Clube e da Imperadores Rubro-Negros fundadas em 2018. Para entender o fenômeno é necessário compreender a particular dinâmica dos chamados "grupos de acesso", integrantes da grade hierárquica que organiza a realização dos desfiles carnavalescos na cidade e no qual as escolas citadas estão situadas . Os casos enfocados trazem especialmente à tona o tema da rivalidade simbólica ao iluminar o papel das torcidas no contexto de expressões culturais populares. Dialogo então tanto com outros casos, como o das galeras dos Bois de Parintins (AM) e das escolas de samba em São Paulo e Manaus(AM).
Fluxos do boxe olímpico contemporâneo – relações entre arte, esporte e heroísmo
Autoria: Michel de Paula Soares (NAU)
Autoria: A presente comunicação parte de uma etnografia entre boxeadores e seus respectivos espaços de engajamento cotidiano. O boxe – prática corporal sócio-esportiva de combate com os punhos – envolve uma emaranhada trama política-social, justapondo significados sobre racismo e violência, disciplina e sacrifício, cidades, mobilidades e fronteiras simbólicas. Nesse momento da pesquisa em andamento, interesso-me, particularmente, pelas equipes que recrutam, preparam e formam atletas olímpicos: suas pedagogias, práticas, controvérsias e reflexões sobre a própria atividade. Dois casos serão apresentados para incitar a discussão: (1) a equipe MM Boxe, situada na cidade de Rio Claro/SP, é pioneira na formação de atletas mulheres, atualizando uma tradição pedagógica cubana junto à militância antifascista de seu principal treinador, o ex-boxeador e mestre em História Social Breno Macedo; (2) a equipe The Oliveira Brothers, localizada em São Matheus, extremo sul de São Paulo, formou uma “família de boxeadores” ao acolher e dar abrigo a 9 jovens atletas oriundos de outras regiões, principalmente do estado da Bahia. Relacionando passado, futuro, trajetórias familiares e sonhos, a equipe gerida por Pitu, filho do medalhista olímpico Servílio de Oliveira, permite reflexões sobre moradia e convivialidade, racismo e heroísmo. Partindo da compreensão do espaço urbano como historicamente planejado com o propósito segregacionista, busco inversões ou esgarçamentos dessa lógica de estado, a partir das formações de relacionalidades e arranjos coletivos de meus comparsas boxeadores. Assim com raça é materializada nas configurações espaciais (Alves, 2011), o corpo boxeador é sempre forjado levando-se em conta uma virtualidade da situação de conflito, uma ontologia combativa (Mafeje, 2000), ou ser para a guerra (Clastres, 2004), como discutirei.
Na arquibancada: Sociabilidade feminina nas torcidas organizadas de futebol
Autoria: Marianna Castellano Barcelos de Andrade (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)
Autoria: O futebol comumente é pensado como um esporte feito para um público predominantemente masculino, tanto em campo quanto nas arquibancadas. Frente a isso, nesta apresentação, as mulheres são a bola da vez. A presente apresentação, fruto de uma pesquisa de mestrado ainda em andamento, tem como temática a inserção das mulheres nas torcidas organizadas, mapeando as potencialidades vivenciadas por elas, e as conquistas que as torcedoras ainda reivindicam. Para tanto, vem sendo realizada uma etnografia com as mulheres que compõem a Gaviões da Fiel, a primeira torcida organizada de São Paulo e até hoje, a principal torcida vinculada ao Sport Club Corinthians Paulista, observando como as relações de gênero são experimentadas nas arquibancadas dos estádios e em outros espaços de socialização da agremiação. A etnografia vem sendo preparada em conjunto de uma consulta bibliográfica. Olhando então para a voz feminina desta história, que ainda apresenta poucos relatos, utilizando o gênero como uma categoria de análise para este fenômeno social, que é como o futebol pode ser visto no Brasil. Acreditando que o futebol não é apenas um esporte apartado da vida social, cultural e política, e por isso também é bastante atingindo pelo machismo, racismo e lgbtfobia que integra a estrutura de nossa sociedade.
Não é saltar, é voar! Sentidos da prática do parapente na copa mundial
Autoria: Marília Martins Bandeira (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Raquel de Magalhães Borges
Autoria: Em Janeiro de 2017, foi realizada em Governador Valadares/MG, a etapa Superfinal da Paragliding World Cup (PWC) 2016, com 123 competidores, sendo 112 homens e 11 mulheres, de 22 países. O parapente é uma modalidade do voo livre, bem como a asa delta, caracterizado pela literatura como esporte de aventura devido à sua relação com a natureza e o risco da lida com o incontrolável de seus fenômenos. Este estudo além do perfil sócio demográfico dos pilotos do PWC e dos sentidos conferidos à modalidade, procurou investigar a relação dos competidores com os locais de prática. 41 homens e 6 mulheres, de 16 nacionalidades responderam questionário aplicado antes e após as provas. As mulheres tinham entre 34 a 53 anos, e os homens entre 19 a 51 anos. A maioria dos respondentes (26) tem ensino superior, 9 cursaram pós-graduação. Os pilotos foram questionados sobre como definiam sua modalidade, quais motivações para adesão e o que representava em suas vidas. Nestas 3 perguntas, obtivemos 133 respostas distintas, sendo que, foram expressões mais frequentes: (21) divertimento/prazer; (15) liberdade; (10) contato/integração com a natureza; (9) sensações extraordinárias; (8) estilo de vida/sentir-se vivo; (8) esporte; (6) desafio/aventura/excitação; (6) viagens/novas experiências; (5) sonho; (5) sentir-se pássaro; (5) sociabilidade/amizade; (5) relaxamento/descanso; (5) ser acessível/fácil de aprender; e (4) lazer/hobby. Competição apenas duas menções, embora esta fosse a etapa final do campeonato mundial da modalidade. Apesar do contato/integração com a natureza aparecer como terceiro sentido mais frequente, e quando perguntados se a modalidade estimulava a educação ambiental, 23 terem respondido “sim”, apenas 3 sinalizaram como: pilotos jogarem sementes em áreas degradadas durante o voo e oportunidade de educação do público nos eventos. Concluímos que, o perfil sociológico destes pilotos coincide com o registrado pela literatura sobre atividades de aventura com predominância de homens brancos de alta escolaridade. Apesar de serem a elite do parapente competitivo mundial, os motivos de adesão e sentidos da prática apresentados pelos pilotos coincidem com valores do lazer, principalmente a sensação de liberdade. A justificativa é que o esporte não remunera e, portanto, não é profissional. Entretanto, o sentido de competir supera o sentido de educação ambiental, pois, ações concretas relacionadas ao cuidado com a natureza e engajamento na solução de problemas de locais sede dos campeonatos não são mencionadas por eles. Concluímos que os esportes de aventura nem sempre resultam em ações pró-ambientais, assim como competições de alto rendimento podem ser vividas como lazer. Em específico marcam que sua modalidade é de voo e não de salto, diferente do paraquedismo.
O Atleta Militar Brasileiro: uma perspectiva antropológica
Autoria: Edison Luis Gastaldo (CEP)
Autoria: O universo das práticas esportivas e o cotidiano da vida militar encontram-se entrelaçados de muitas maneiras. As origens históricas do esporte na Grécia Antiga evidenciam o caráter de “combate simulado” envolvido em competições esportivas ainda hoje praticadas, como arremesso de dardo, tiro com arco, pugilato, esgrima e mesmo a corrida de Maratona, que leva o nome de uma batalha (Huizinga, 1971; Caillois, 1992). No Brasil, a criação e consolidação de um campo de práticas esportivas e da área acadêmica de Educação Física ocorreram em unidades militares, como a atual Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), onde desde o início do século XX foram formadas várias gerações de profissionais civis e militares que espalhariam o ethos esportivo por todo o país. (Soeiro, 2003; Melo, 2001; Damo 2002). O futebol brasileiro, por exemplo, deve à EsEFEx o planejamento e a conquista do tricampeonato mundial de 1970, bem como as carreiras vitoriosas de ícones como Carlos Alberto Parreira e Claudio Coutinho (Soares, Salvador e Bartholo, 2006; Gastaldo, 2002). Em tempos recentes, pode ser destacado o papel das Forças Armadas no sucesso da delegação brasileira nas últimas Olimpíadas (2016), o melhor resultado da história para o time Brasil. O presente work busca investigar, a partir de uma perspectiva antropológica, os efeitos do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) no universo do esporte militar brasileiro. O Programa, criado em 2008, prevê a contratação pelas Forças Armadas de atletas com performance esportiva de nível internacional com a graduação de 3o Sargento, garantindo estabilidade financeira, equipamentos e instalações adequados ao treinamento. Além disso, esta política pública impacta fortemente o universo do esporte profissional no Brasil. Entre atletas de ponta de modalidades olímpicas, tornar-se militar – ingressando no PAAR – pode ser uma opção atraente, afetando o mercado de work esportivo no país. Porém, em que pese o sucesso nas competições internacionais e a visibilidade midiática positiva que esse sucesso traz, a entrada em cena dos novos atletas militares também afetou o cotidiano das Organizações Militares, particularmente o universo do esporte militar, aspectos que este work busca problematizar.
O Corpo da Nação: relações entre Educação Física, esporte e Forças Armadas no Brasil
Autoria: Diego Wander Thomaz (UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos)
Autoria: Este artigo procura tratar de temas que concernem ao corpo e sua fabricação, associados às ideologias da “modernidade” e às conformações dos Estados nacionais e suas instituições. Mais especificamente, trata-se de abordar as relações, histórica e antropologicamente falando, entre o uso racional do corpo e a forja de um “espírito coletivo” através da ginástica, da Educação Física e do esporte, relações estas mediadas por instituições de Estado, com destaque para as Forças Armadas. Após breve panorama sobre os vínculos existentes entre os nacionalismos e o surgimento dos “exércitos modernos”, os quais operam de modo sistemático e estrutural através de relações de “troca”, passo ao caso brasileiro e às fases estabelecidas por alguns autores para caracterizar cada período, suas influências, aproximações e distanciamentos no que concerne às relações entre Forças Armadas, através, principalmente, da Escola de Educação Física do Exército, a Educação Física enquanto “disciplina” e o desporto nacional de alto rendimento. Por fim, trato das associações mais recentes entre militares e a política esportiva nacional através de fomentos ao “esporte olímpico”; enfim, uma reinserção das Forças Armadas neste cenário, que aponta uma vez mais para a relação entre o corpo disciplinado e o “espírito coletivo” engendrado pelo nacionalismo.
O marombeiro de rua e seu corpo: notas etnográficas sobre aprendizagem e masculinidade
Autoria: Lucas Silva Moreira (UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Autoria: As praças públicas de musculação são espaços urbanos de sociabilidade exclusivamente masculina propícios à emergência de processos informais de aprendizagem de técnicas corporais. As práticas que amalgamam tais técnicas, denominadas pelos praticantes como “maromba de rua” ,“malhação” ou “fazer barras”, são recontextualizações sui generis de um conjunto de práticas físicas que têm se manifestado com força a partir dos anos 90 no cenário global: a musculação em academias, a calistenia, o street (ou ghetto) workout (treino de rua). Os espaços da maromba de rua se caracterizam ainda pelo uso de objetos e ferramentas produzidos manualmente típicos das academias de fundo de quintal comuns em bairros populares do Brasil. A partir de pesquisa de campo realizada na cidade de Salvador entre os anos de 2016 e 2019 (cuja principal estratégia etnográfica foi o engajamento prático do pesquisador nas práticas físicas), e partindo do pressuposto wacquantiano segundo o qual a lógica da forma de ser inculcada uma prática pode nos ensinar sobre a lógica de toda a prática, tenho por objetivo evidenciar como os homens que malham em praças públicas soteropolitanas comunicam, compreendem e negociam as habilidades técnicas e saberes estratégicos necessários para sua formação moral e física. Com base nessas diretrizes teóricas e metodológicas, apresento que a experiência dos processos de aprendizagem das múltiplas técnicas corporais que circulam, literalmente de mão em mão, nessas praças se constitui em: a) trocas intergeracionais entre praticantes neófitos e marombeiros experimentados e seus capitais esportivos, trazidos da capoeira e outras lutas e artes marciais, da corrida livre, do futebol informal de praia, da escola, do exército, etc.; b) na teoria nativa da aprendizagem corporal, baseada na observação, na troca pela palavra (“trocar idéia”), no toque (“dar um toque”) e na integração do iniciante na própria dinâmica do exercício; c) na ausência da figura hierárquica do professor, mestre ou personal trainer (vista no contexto como potencialmente repressora) e no valor atribuído à “brodagem” (cooperação entre homens). Por fim, concluo que nas aprendizagens que ensinam a fabricação do corpo e fundamentam as transformações somáticas da hipertrofria (aumento e definição da massa muscular), o aumento da força e a resistência corporal são incorporados ao mesmo tempo que valores morais próprios da masculinidade nesses cenários, tais como honra, sacrifício, disciplina, competição, paixão pelo desafio e busca por excitação, distinção e prestígio.
O ser e o estar: uma análise antropológica do eu enquanto mulher no campo esportivo.
Autoria: Camilla Silva de Araujo (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Autoria: Este work possui um bojo teórico-metodológico e faz parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida acerca do esporte adaptado no Brasil, mais especificamente o Rugbi adaptado. Possui a proposta de fazer uma reflexão da subjetividade do antropólogo ao longo da pesquisa, analisando a minha posição enquanto mulher no campo do estudo da antropologia dos esportes e também no estudo da masculinidade. O objetivo é buscar compreender a importância do subjetivo nas produções acadêmicas em oposição à um modelo acadêmico objetivo através de relatos de pesquisas de campo e de teorias metodológicas acerca deste eixo temático, com o propósito de contribuir para os estudos de masculinidade e da antropologia das práticas esportivas.
Observação participante em um campeonato de futebol 7 misto em Curitiba – relações de gênero em um cenário incomum
Autoria: Maria Thereza Oliveira Souza (Centro Universitário Campos de Andrade), Fabiana Della Giustina dos Reis André Mendes Capraro
Autoria: Tratar sobre as experiências de mulheres futebolistas no Brasil é sempre um dilema sobre “olhar o copo meio cheio ou meio vazio”, pois o processo de inserção feminina nessa área ora parece levar a um crescimento e ora a uma estagnação ou retrocesso. No universo de práticas informais os homens ainda representam maioria, já que dados do IBGE (2015) demonstraram que eles constituem 94,5% dos praticantes. Apesar disso, se por muito tempo os discursos sociais moralizantes mantiveram as mulheres afastadas, é cada vez mais comum encontrar grupos de amigas ou de colegas praticando algum tipo de modalidade relacionada ao futebol, seja de forma competitiva ou com fins de lazer. Nesse contexto, o futebol 7 parece ser um espaço de recente e intensa inserção das mulheres, o que se interpreta ser um dos motivos que permitiram a realização de um campeonato misto (com times formados por homens e mulheres) em Curitiba. Entendeu-se, então, esse evento como um campo de peculiares relações de gênero no esporte e, por isso, a presente pesquisa visou investigá-las por meio da observação participante, durante as atividades competitivas em 2019. Na tarefa de estudar um grupo pertencente à mesma sociedade dos autores, intentou-se “estranhar o familiar” (COSTA, 2009), por meio de uma investigação “de perto e de dentro” como orienta Magnani (2002). O estudo desse cenário incomum dentro do campo esportivo apresentou indícios de uma diminuição do caráter hierarquizante nas relações de gênero. Foi possível perceber que os fatores que determinam aqueles que são mais respeitados são a capacidade técnica, o perfil pessoal (de líder) e a experiência, mais do que seu sexo ou gênero. Além disso, as “zoações” e importunações, ritos comuns ao ambiente esportivo, principalmente quando se trata de modalidades coletivas, também aconteceram em igual teor para homens ou mulheres. Não se buscou aqui negar quaisquer barreiras e dificuldades enfrentadas pelas mulheres em ambientes tidos como de dominância masculina, mas procurou-se demonstrar que nem sempre há a necessidade de denúncia das desigualdades, atentando justamente para as relações existentes em cada contexto e tempo específicos. A pesquisa aconteceu com a inserção como atleta, da autora principal, em uma das equipes, e, faz parte de um projeto maior de doutorado, o qual tem como objetivo investigar as relações de gênero, pelo método etnográfico, em diferentes ambientes de práticas físicas. É necessário afirmar que se entende as limitações da presente pesquisa pela difícil missão de se pesquisar um ambiente no qual se está inserido, mas que, esse fator fez com que se assumissem as interferências que essa imersão trouxe e se tratasse o estudo tanto como uma descrição etnográfica quanto como um relato de experiência.
Performances esportivas: o poder da mente
Autoria: Cilene Lima de Oliveira (UFF)
Autoria: Neste work, que se constitui de um ensaio para um capítulo em construção da minha tese de doutorado, tratarei da relação entre limites corporais e a dicotomia mente x corpo, em ultramaratonas (provas de corridas pedestres com distâncias acima dos 42km295m da maratona). Contudo, farei uma longa explanação sobre um tema que já venho trabalhando há algum tempo, que é o da performance. Na minha dissertação, me dediquei a construir um conceito que chamei de performatividades esportivas, me baseando em Butler (2002, 2006) e em John Austin (1962), linguista. Para tanto, precisei observar atentamente a diferença entre performance para os estudos das ciências sociais e performance para os estudos da Educação Física. Aqui irei um pouco mais adiante e acrescentarei uma discussão maior sobre performance no meio artístico. Embora tenha feito um pouco isso quando falei de performance na dissertação, utilizando o conceito de Richard Schechner (2002), teatrólogo, aqui aprofundarei o tema me fazendo valer especificamente de performances artísticas que dialoguem com os extremos e com a loucura (categoria êmica que surge no meu work de campo do doutorado), como abordagem, por exemplo, de Nise da Silveira. Isto justifico porque, ao observar melhor os estudos da performance, me dei conta de que a abordagem sobre loucura a que me proponho aqui, está intimamente ligada ao usos da arte como forma de explicitar não apenas a norma e a “curva fora da norma”, mas também os extremos, como explora da artista Marina Abramovick. Este exercício me parece interessante, uma vez que, ao conversar com certa pessoa sobre o andamento da tese, ela me lançou a pergunta: “Mas pode um atleta ser louco?”. E esta pergunta ficou no ar enquanto conversávamos sobre outros temas. Assim, tentarei elucidar como a arte nos ajuda pensar a performance e também o contrário, e como isso pode nos ajudar a refletir sobre as performatividades esportivas dos atletas. De outra maneira me deterei aqui também sobre o que chamam de “poder da mente”, que me parece ser um gancho que incita a reflexão dos riscos e extremos dentro das performances exploradas pelos atletas.
Tramando redes: carreiras e circulação transnacional de futebolistas brasileiras
Autoria: Caroline Soares de Almeida (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Autoria: O panorama global que envolve o Futebol Feminino tem se transformado nos últimos anos. Os fluxos que orientam essas movimentações são efêmeros e dependem da manutenção das redes entre clubes, agentes e jogadoras de futebol. A partir de 2015, clubes e associações nacionais passaram a ampliar essas redes através do aumento nos quadros e nas competições dessa modalidade, em cumprimento ao artigo 23 do Estatuto da FIFA que obriga as confederações a promoverem ações em prol da igualdade de gênero no futebol. A proposta deste work baseia-se no estudo etnográfico realizado a partir de um grupo de futebolistas de uma equipe do interior do estado de São Paulo, tendo como foco a análise dos fluxos que orientaram as movimentações dessas mulheres no panorama global no período de dois anos (2016/17). Para tanto, utilizo a concepção de Marilyn Strathern para pensar os alargamentos e as delimitações das redes de relações em que as jogadoras brasileiras estão inseridas. Ressalto, como elementos importantes na constituição dessa rede, os intermediários, as entidades regulamentadoras do futebol, o mediascape, os clubes e o ativismo de futebolistas.
Um clube, várias torcidas: as diferentes formas de pertencimento em torno do Botafogo da Paraíba
Autoria: Phelipe Caldas Pontes Carvalho (UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos)
Autoria: Ao longo de dois anos, durante pesquisa de mestrado que concluí e defendi em 2019, analisei as diferentes formas de torcer que existiam – e ainda existem – em torno do Botafogo da Paraíba, um clube de João Pessoa que é considerado de médio porte no país, mas que tem relevância no cenário atual do futebol nordestino e principalmente paraibano. Incomodava-me uma visão que eu considerava errônea da mídia, que ainda hoje costuma tratar os torcedores de um mesmo clube como algo homogêneo, indivisível, harmônico, pacificado, comumente adotando termos totalizantes como “nação”, “massa”, “bando de loucos”, “mundo de gente”, entre outros. Meu objetivo era justamente focar nas fronteiras, nas distinções, nas rivalidades e nos conflitos que eventualmente existissem em diferentes grupos torcedores, ainda que todos fossem a rigor botafoguenses, torcedores de um mesmíssimo clube de futebol. Pesquisei duas torcidas organizadas que no termo êmico são chamadas “de pista”, formadas basicamente por torcedores pobres e mais afeitos ao conflito, uma torcida organizada de classe média, que tenta se dissociar da ideia de conflito atribuída ao termo “de pista” e um grupo de torcedores que não se consideram organizados. A partir desses quatro, consegui refletir sobre como uma mesma arquibancada de futebol é plural, múltipla, extremamente tensionada em muitas oportunidades, com cada grupo se sentindo mais autêntico que o outro. Aboli o termo “torcida”, no singular, e passei a pensar em “torcidas” de um mesmo clube de futebol. Que estão em constante estado de mediações mútuas, ora exacerbando suas diferenças, ora negociando uma espécie de pacificação frágil, mas estrategicamente importante em certos momentos. Uma rivalidade entre torcidas, aliás, que reflete distinções existentes na própria sociedade, na própria cidade de João Pessoa, a partir de disputas de bairros, diferenças de classes sociais, preconceitos, etc. Diferentes formas de pertencimento que interferem também nos territórios que esses grupos definem como seus, dentro do estádio e mesmo pela cidade, que faz com que eles possuam distitnas formas de viver a capital paraibana em dias de jogos do Botafogo-PB. Penso esses torcedores também como possuidores de uma “identidade contextual”, defendida por Barth, que faz com que, por exemplo, duas torcidas organizadas do Botafogo-PB viajem juntas para um jogo fora de João Pessoa, como forma de se defenderem dos torcedores do clube adversário, pouco menos de dois meses depois de uma briga generalizada entre ambas. Em casa, esses torcedores se arvoram como sendo “TJB” ou “Fúria”, as duas torcidas rivais em questão; mas fora de casa acionam um “ser botafoguense” que as unem frente a um rival comum. É, portanto, os resultados dessa minha pesquisa que pretendo apresentar.
Yoga, Sannyasa e vida de Ashram – Entrelaçando Ritmo, Temporalidade e Aprendizagem no contexto de práticas do Ashram Casa do Guru
Autoria: Lucas Brandão Procópio (NaPrática/UFMG), José Alfredo Oliveira Debortoli (NaPrática/UFMG) Swami Aghorananda Saraswati (Satyananda Yoga Center/Casa do Guru)
Autoria: Partimos da pulsação em evocar um itinerário de negociação identitária percorrida por esse autor, atento às expressões rítmicas que emergem do contexto de pesquisa, as temporalidades geradas a partir dessas e, imbricados à essas, os processos de aprendizagem imanentes às formas de relação estabelecidas. Remeto à três chaves de compreensão desse work – Yoga, Sannyasa e Ashram – para anunciar o nosso universo etnográfico. Yoga evoca um sentido de percepção e interação prática com a vida, onde preza-se relações atentas, conscientes e holistas (NIRANJANANANDA, 2005; ELIADE, 2009); Sannyasa é antiga tradição que, tendo seu berço na ancestralidade indiana, encontra-se ancorada na instituição da renúncia e, equivalentemente ancestral, a tradição Guru-discípulo (NIRANJANANANDA, 2008; OLIVELLE, 1993); Ashram é território onde consubstancia-se o Yoga e a expressão de Sannyasa, constituindo-se esse um espaço onde um ritmo de interação com a natureza e os seus ciclos é imperativo, onde as faces técnicas e ritualísticas do Yoga se expressam e onde, por fim, celebra-se uma forma de vida que contemple valores como a disciplina, a moderação, o movimento e a contemplação (NIRANJANANANDA, 2005). Esse work emerge de um percurso (em continuidade) de dez anos de envolvimento com o Ashram de nome Casa do Guru (Serra da Moeda – MG). Essa alongada temporalidade de relação só mesmo se justifica no sentido que esse aspirante é mesmo parte indissociável do seu campo de pesquisa (e vida), tendo desenvolvido tal work com (e sob) a orientação daqueles que com ele compõem o campo (INGOLD, 2018). As discussões em torno do Lazer e dos conceitos que o regem se dão, sobremaneira, apoiadas em um pilar monoepistêmico, europeu, urbano e industrial (GOMES, 2014). Invariavelmente, desdobraram-se em formas de nomear e classificar as práticas sociais de lazer em uma cristalizada dicotomia, onde tempo e atitude são categorias fundamentais para estabelecer a fissura entre o lazer e o work. Sobre essa fissura erigiu-se tantas outras dicotomias como tempo ativo e aposentadoria, o prazer e a insatisfação, a contenção e a liberdade, etc. Propomos portanto, enfim, jogar luz ao as discussões ora elencadas apontando para outras temporalidades, relações rítmicas, estéticas e de cuidado, em que o fortalecimento de si contraponha o furto das subjetividades que discorrem em nosso capitalismo moderno (BAPTISTA, 2013). Nosso work busca dar continuidade (antes que responder) as seguintes provocações: em que medida as formas de relação com a vida evocadas em nosso estudo nos sugerem outras maneiras de interação com o tempo? Em que medida podemos vislumbrar perspectivas não fragmentadas da vida, onde constituições identitárias se dão de maneira integradas e indissociáveis do cotidiano?
“Da ponte pra cá”: uma etnografia do Catanga Futebol Clube
Autoria: Marcos Paulo de Castro Mello (SEE MG)
Autoria: O presente work aborda o futebol como um fenômeno social importante, encarando-o enquanto um processo que abrange uma dinâmica complexa mobilizada por aqueles que com ele se envolvem em diversos espaços, seja nos estádios, nas ruas, nos bares, nos blocos de carnaval. Situado dentro de um contexto amplo de instâncias da vida social, o futebol tem o potencial de revelar um panorama de personagens diversos e, consequentemente, os códigos de seus comportamentos. Buscou-se produzir um estudo etnográfico sobre a rivalidade entre duas torcidas de futebol de Passa Quatro, município da região sul de Minas Gerais. Trata-se dos torcedores dos clubes do Catanga Futebol Clube e do São Jorge, apaixonados por futebol que, ao se identificarem e escolherem seu time para torcer, adentram em um universo de pertencimento. Nesse contexto, despertou-me a atenção à maneira como se constrói essa rivalidade, elemento que se tornou tão vivo e presente nas atividades rotineiras, evidenciando como o futebol produz questões importantes nas relações sociais. Surge um universo de preferências, ideias, conflitos e tensões, diversão e expressões diversas através de arranjos, contatos e trocas culturais muito particulares. Desse modo, busco entender a clivagem desse cotidiano, a dinâmica social e como o futebol vem moldado essas relações. Assim, o próprio futebol enquanto fenômeno social é permeado por narrativas que permitem criar configurações para vitórias e derrotas. É exatamente nesse ponto onde é possível reconstruir as relações, de maneira coletiva, reconhecendo o elemento do jogo. Amigos e entes queridos que se separam, e por vezes se dividem entre os times rivais, vivem todo o processo ritual e performativo do jogo para depois retomarem a sua vida ante o resultado daquela partida. Diante desse quadro que surge o objetivo do work. Dentro dessa configuração da partida de futebol, um lado ganha, enquanto outro perde, mas não se briga o tempo todo. São acionadas outras formas de associação onde esses torcedores também estão em outras relações. Desse modo, não se é só torcedor de futebol, outros mecanismos são contemplados de maneira que a rivalidade vem sendo modulada enquanto algo que não é contínuo, uma noção de posição ativa onde esses torcedores controlam, buscando evitar afastamentos e rupturas. Portanto, parece existir uma dinâmica que opera como uma “navegação social”, um “saber viver” que busco entender como o tempo do futebol, um momento específico onde se constituem rearranjos sociais em torno da rivalidade, onde a partir da ideia de controle se produz um conflito autorizado que não promove uma ruptura das relações.
“Isto aqui não é uma torcida. Isto aqui não é uma escola de samba. Isto aqui é um hospício.”: a Torcida Uniformizada do Palmeiras (TUP) e a Sociedade Escola de Samba TUP
Autoria: Julio Cesar Valente Ferreira (CEFET/RJ - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca)
Autoria: O work tem como objetivo etnografar as sociabilidades configuradas na Torcida Uniformizada do Palmeiras (TUP), fundada na cidade de São Paulo em 1970 e que, a partir de 1991, também se constituiu como agremiação carnavalesca. Durante os anos de 2019 e 2020, a pesquisa foi empreendida através de visitas à quadra da TUP, a qual se transforma em ateliê e barracão no tempo particular do carnaval, entrevistas com integrantes da torcida e observação participante dos eventos promovidos na quadra, das idas ao estádio para partidas do Palmeiras, do desfile e da apuração das notas do concurso. Toledo (1996) destaca que, na cidade de São Paulo, as torcidas organizadas são organizações populares criadas em torno do futebol e que, em alguns casos, também participam como agremiações carnavalescas na folia paulistana. Para Toledo (1996), a diferença entre estas modalidades de sociabilidade baseadas em disputas reside no fato de que, no carnaval, as torcidas organizadas participam como protagonistas. A literatura sobre a relação entre estas formas de sociabilidade é escassa, com works que buscam descrever: (i) quem são estas torcidas organizadas no universo do samba (CAMPOS e LOUZADA, 2012), (ii) através da análise do resultado de um survey, em que grau estes torcedores organizados aderem ao carnaval de sua torcida organizada (HOLLANDA e MEDEIROS, 2018) e (iii) como estas duas cosmovisões se imbricam no caso de uma torcida organizada específica, focando os mecanismos conciliatórios dos discursos de virilidade da torcida organizada e de confraternização preconizados pelo carnaval (BUENO, 2015). No decorrer do estudo, verificou-se que a participação no carnaval possibilita à TUP ocupar o espaço urbano de outras formas para além daquelas já estabelecidas como torcida organizada. A inserção da TUP no carnaval decorreu por conta de uma participação anterior dos membros mais jovens em outras escolas de samba, tensionando um conflito com os filiados mais antigos sobre esta combinação de formas de lazer entre os associados, e ao fato de desejarem se equivaler a torcidas organizadas, ligadas aos demais grandes clubes profissionais de São Paulo, que já participavam do carnaval. Também se revelou uma configuração de sociabilidades com membros e dirigentes de outras torcidas organizadas e escolas de samba, a qual não permite estabelecer uma separação rígida entre um habitus de torcedor organizado e outro de folião. Por fim, destaca-se que, como torcida organizada ou como escola de samba, o discurso norteador sempre é honrar o nome e a instituição Sociedade Esportiva Palmeiras, que internamente caracteriza-se como manifestação de uma estrutura teleoafetiva e externamente é estigmatizado como loucura; marca esta já incorporada de forma jocosa pelos membros da TUP.
“A gente se encontra no Beco do Sapateiro”: práticas de lazer e sociabilidades no centro de Porto Velho-RO
Autoria: Mathêus Sampaio da Silva Lima (unir)
Autoria: Este work tem como objeto de estudos as práticas de lazer e sociabilidades que acontecem num lugar denominado pelos seus frequentadores como “Beco do Sapateiro”. Os atores principais da pesquisa são os frequentadores e os donos dos bares e restaurantes locais. A pesquisa aborda práticas de consumo de bebidas alcoólicas e alimentos num local público associadas a noções de lazer e construção de sociabilidades na cidade (DUMAZEDIER, 2014; PRONOVOST, 2001). Sobre o consumo de bebidas alcoólicas, adoto uma perspectiva crítica frente aos estudos mais comuns na área da saúde, em sua maioria, proponentes de discursos acusatórios que desconsideram os modos como os agentes vivenciam suas práticas (CARNEIRO, 2010: CHALHOUB, 2012). Com relação aos processos de lazer e sociabilidades, sigo Dumazedier (2008) em sua crítica às noções de lazer que limitam a um processo de acumulação de capital cultural ou concepções elitistas sobre o momento do não-work. Num outro olhar, sigo a crítica de Valquíria (2000) e Magnani (2018) sobre as limitações do conceito de lazer em Dumazedier (2008), que não abarca as mudanças contemporâneas nas relações de work como o work parcial, terceirizado, compartilhado, banco de horas, telework, work intermitente, entre outros, implicando mudanças no tempo de não work. A pesquisa possui como objetivo geral compreender o lazer por meio do consumo de bebidas alcoólicas e hábitos alimentares locais. Procura perceber os lações sociais presentes no Beco do Sapateiro, apreender as formas do consumo de bebidas e entender as práticas alimentares. O atual estágio da pesquisa contempla a revisão bibliográfica sobre os temas do lazer, consumo de bebidas alcoólicas e história do Beco do Sapateiro. A observação direta do fenômeno estudado tem sido feita com a participação nos lugares e consequente construção de laços afetivos com as pessoas estudadas. A pesquisa não permite a elaboração de uma conclusão pois se encontra em andamento. Até a finalização deste resumo foram feitas as seguintes etapas: revisão bibliográfica sobre lazer, consumo de bebidas alcoólicas e antropologia da alimentação, além das primeiras idas ao campo para observações diretas e contato com as pessoas.