Diante do incremento das políticas de encarceramento e da violência letal, bem como do desmonte de direitos, nos tempos que correm, acentua-se a precariedade de determinadas populações urbanas. Submetidos, distintivamente, à pobreza, às remoções, às violências do Estado e à morte, tais contingentes populacionais são impelidos à circulação, conformando ao mesmo tempo o público majoritário confinado atrás das grades, o alvo preferencial das políticas estatais de abate. Assim, novos e velhos modos de tutela, de controle e gestão, e do “fazer morrer”, se (re) compõem, como o próprio estado e os agentes que operam suas políticas. Por sua vez, é através dessas mesmas políticas sociais, ou melhor, de suas ruínas, que esses sujeitos buscam refazer os seus percursos, constituindo formas de viração na precariedade, fazendo alianças, produzindo ou retomando redes transitórias de proteção.
Tendo em vista esse cenário, essa mesa dará ênfase às seguintes questões: (i) movimentos, repertórios e formas de articulação que emergem em meio às múltiplas formas de precariedade; (ii) violência letal e encarceramento como tecnologias de gestão de populações e territórios; (iii) táticas de viração acionadas pelas populações mais precarizadas; (iv) composições entre políticas assistenciais e políticas punitivas; (v) interfaces entre pesquisa e política; (vi) tensões, conflitos e alianças entre universidade e movimentos, coletivos ou associações de luta.