GT 63. Ofícios e profissões: memória social, identidades e construção de espaços de sociabilidade.
Coordenador(es):
Madiana Valéria de Almeida Rodrigues (UFRR - Universidade Federal de Roraima)
Marjo de Theije (Vrije Universiteit Amsterdam)
Sessão 1
Debatedor/a: Fernanda Valli Nummer (UFPA - Universidade Federal do Pará)
O GT tem por objetivo principal estimular a manutenção de uma rede de pesquisa e de intercâmbios sobre as novas dinâmicas da memória, do imaginário, das emoções, dos ofícios e profissões, com ênfase no estudo de fenômenos no espaço da contemporaneidade. A influência da extrema direita favorece a emergência de novos atores sociais, fronteiras espaciais, fluxos migratórios e formas de sociabilidade que afetam padrões de trabalho que precisam ser elucidados antropologicamente. A proposta atual visa atender a ampliação das perspectivas sobre diferentes dimensões das relações humanas (imagéticas, econômica, política, de reciprocidade, de associação, de projetos para a vida). Daremos continuidade aos vigorosos debates das últimas quatro RBA’s e optamos pelo rodízio de coordenadoras. Em 2015, foi publicado o primeiro livro, resultado destas discussões: "Entre ofícios e profissões: reflexões antropológicas". Em 2019, as etnografias reunidas foram publicadas em forma de Dossiê, na "Revista de Antropologia Amazônica", da UFPA. Nesta reunião mantemos o foco nos estudos etnográficos relacionados aos temas em que ofícios e profissões são analisados não apenas como funções sociais especializadas que as pessoas desempenham de acordo com as necessidades de outras, mas sim como uma das múltiplas dimensões das identidades dos sujeitos, sendo capazes de gerar esquemas de percepção e ação no mundo social. A busca por publicação dos trabalhos pré-selecionados permanece, igualmente, como princípio
Resumos submetidos |
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"Por su bienestar" aproximaciones etnográficas al trabajo cotidiano de farmaceúticas en una farmacia de barrio Autoria: Maria Pozzio (UNAJ-UNLP) Autoria: Este trabajo es una primera sistematización de una investigación etnográfica sobre el trabajo de las y los farmacéuticos como profesionales sanitarios que también trabajan en torno de la provisión de cuidados. La etnografía en una farmacia "de barrio" nos permitió acceder a los sentidos del cuidado, los saberes puestos en juego y la forma de sociabilidad que una licenciada en farmacia y sus empleadas -auxiliares farmaceúticas- actualizan en su trabajo cotidiano, donde intervienen dimensiones sanitarias, económicas y de género.
Este trabajo de investigación se enmarca en una investigación más amplia que busca comprender los sentidos situados de la profesión farmacéutica en torno del nuevo paradigma de la provisión de "servicios farmacéuticos" como una forma más de la atención primaria de la salud. Esto, en tanto y en cuanto, profesión fuertemente feminizada, con un fuerte componente vinculado a los cuidados, en el marco de un contexto de necesidad de profesionalización de los mismos, de-prescripción de medicamentos y puja por la regulación estatal del ejercicio profesional en la provincia de Buenos Aires.
Se considera a la etnografía como enfoque, ya que supone no sólo la observación participante del trabajo en la farmacia, sino también la realización de entrevistas en profundidad con actores relevantes del campo así como el análisis de material bibliográfico del campo profesional, y de la historia de la profesión misma. Todo esto, a fin de avanzar en las posibilidades de una antropología de las profesiones sanitarias, campo que en las ciencias sociales de argentina ha sido analizado mayormente por la sociología de las profesiones y la historia social.
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As associações dos advogados criminalistas: conflitos, identidades, hierarquias e moralidades em ação no mundo social. Autoria: Izabel Saenger Nunez (UFF - Universidade Federal Fluminense) Autoria: Neste paper pretendo discutir os sentidos e os significados atribuídos pelos advogados criminalistas do Rio de Janeiro, e sobre eles, a partir das associações profissionais em torno das quais se organizam. Eles não ficam restritos apenas à atuação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e integram outros círculos sociais ligados ao desempenho de suas funções. Pretendo trabalhar nesse paper, especialmente as disputas, os contrastes produzidos e as identidades acionadas de diferentes formas.
No estado do Rio de Janeiro, mas de abrangência nacional, o Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) foi criado em 1842, antes da OAB. Em torno dele começaram a se reunir os que, na Corte, faziam “da advocacia profissão habitual”. Tinham, naquele momento, a finalidade de “organizar a ordem dos advogados, em proveito geral da ciência da jurisprudência”. Até hoje se afigura em um espaço de participação institucional. Os criminalistas reúnem-se na segunda sexta-feira de cada mês, na Comissão de Direito Penal. Uma das principais atividades desenvolvidas é a elaboração de pareceres sobre projetos de lei envolvendo legislação penal e processual penal.
Depois, já no contexto democrático, foi fundada a Sociedade dos Advogados Criminais do Rio de Janeiro (SACERJ), na década de 90, para, segundo seu presidente “bater contra a ideia de uns malucos que queriam instituir a pena de morte no Brasil”. A referida instituição ficou inativa durante muito tempo e teve seus encontros retomados no ano de 2019.
No contexto nacional, mas cuja atuação é bastante intensa no Rio de Janeiro, recentemente surgiram duas associações, uma em dissidência da outra. A Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), em 1993. E a Associação Nacional da Advocacia Criminal (ANACRIM), criada em 2018, em razão de um desentendimento entre os dirigentes da primeira. Ambas têm um funcionamento muito semelhante. Além das mobilizações virtuais, por meio de grupos de whatsapp e facebook, promovem encontros regionais e nacionais. A participação nos encontros e a associação à ambas também têm valor semelhante.
Por fim, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) foi fundado no ano de 1992 e institucionalmente se define como “entidade não-governamental, sem fins lucrativos, de utilidade pública e promotora dos Direitos Humanos”. Meus interlocutores classificam-no como “mais acadêmico”. Entre todas as “associações” é a mais cara, custa R$ 813,00 para profissionais. Seus eventos também são os mais caros. No ano de 2019, o Seminário Internacional de Ciências Criminais, que estava em sua 25a edição, era de R$ 1.060 a R$ 1.250,00 para profissionais associados à entidade. E de R$ 1.305 a R$ 1.540, para profissionais não associados.
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Discutindo o work doméstico remunerado e/ou realizado na casa de terceiros na contemporaneidade brasileira: discursos, práticas e sentidos Autoria: Luísa Maria Silva Dantas (UFPA - Universidade Federal do Pará) Autoria: Historicamente, o work doméstico remunerado e/ou realizado na casa de terceiros ocupa um contingente enorme de mulheres brasileiras; grupo que também conjuga outros marcadores sociais da diferença, como: raça/cor, classe, naturalidade e geração. Este ofício apenas foi amplamente regulamentado em 2015, com a Lei 150, resultado de lutas sindicais, atuações de órgãos internacionais e de um governo federal atento às demandas sociais. A proposta deste work é a partir de uma abordagem etnográfica, privilegiando as narrativas biográficas de domésticas, perceber como elas se constroem subjetivamente na conjuntura atual, os possíveis efeitos da nova Lei nas suas práticas de emprego/work e nas suas formas e espaços de sociabilidade.
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Do Cais da Imperatriz ao Valongo: narrativas turísticas sobre um atrativo histórico Autoria: Carlos Eduardo Dias Souza (FATEC - Faculdade de Tecnologia Senac Rio) Autoria: Recentemente “redescoberto” devido às obras de remodelação urbana da região do Porto do Rio, o Cais do Valongo foi alçado a símbolo identitário não apenas da região – também conhecida como “Pequena África”, segundo designação de Heitor dos Prazeres – mas também mundial, ao ser eleito Patrimônio da Humanidade. Em termos turísticos, o Valongo torna-se potencial atrativo de interesse histórico-cultural. Algumas questões se colocam, porém: passados os grandes eventos no Rio de Janeiro, a região do Porto não chegou a se consolidar como atrativo. De que maneira os profissionais de turismo têm proposto guiamentos à região? Some-se a isso o desafio da narrativa: como apresentar o Valongo como memória da escravidão atlântica e elemento central da formação nacional? A partir da fala de transeuntes na região do Valongo, espera-se pensar o significado dessa “redescoberta” do Valongo, destacando a relevância do olhar turístico não apenas para a consolidação daquele espaço como atrativo, mas como mote para reflexões por aqueles que são ali conduzidos por guias de turismo atentos às dinâmicas históricas e sociopolíticas da região. Esta comunicação amplia uma discussão já iniciada no curta-documentário “Do Cais da Imperatriz ao Valongo”, produzido em 2019.
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Do terreiro às pistas de corrida: a figura feminina em disputas de vaquejada no sertão cearense Autoria: Laenia Nascimento da Silva (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) Autoria: Esta pesquisa busca compreender de que maneira as mulheres, no papel de vaqueiras, desmistificam (ou complexificam) na prática a separação dos papeis sexuais em femininos e masculinos, a partir da construção de identidades no âmbito das vaquejadas. Realizada em duas fazendas no município de Sobral – CE, denominadas Fazenda Estrela e Fazenda Grotas, a análise toma forma a partir do dia-a-dia nas propriedades e das disputas de vaquejada, tendo como foco principal a categoria feminina e a existência de uma associação composta somente por mulheres: AFEVA (Associação Feminina de Vaqueiras da Vaquejada Pé de Mourão). Ao tratar da lida nas fazendas é imprescindível não fazer menção ao “work” dos vaqueiros, que para além do seu ofício, assumem o papel de responsáveis pelo núcleo familiar, do mesmo modo que suas esposas também emergem como atores sociais nesse campo doméstico. Diante disso, é possível constatar que o ambiente das propriedades não se configura como um espaço exclusivamente masculino, mas que, assim como seus maridos, as mulheres possuem suas responsabilidades diárias, fazendo dessas atividades uma luta conjunta, muito embora continuem sendo associadas à noção de “não work”, ou seja, o que elas exercem é classificado como sendo uma “ajuda”. No entanto, para além desse campo interno da domesticidade no qual a figura feminina sempre fora associada, essa questão tem se mostrado ultrapassada na contemporaneidade, e que elas, bem mais que espectadoras ou acompanhantes de seus maridos, passaram a assumir também o ofício de competidoras nas vaquejadas, destacando a relevância da AFEVA pela possibilidade de inclusão da categoria nas competições, apesar das articulações, dificuldades e ambiguidades nas quais estão submetidas ao decidirem participar das disputas. Desse modo, o estudo se desenvolve a partir de observações em campo, tanto ao cotidiano das fazendas como das competições, utilizando ainda a história oral ao analisar as trajetórias de vida e de inserção das competidoras. Com base nessas constatações, é possível concluir que diante da posição assumida pelas mulheres nas edições de vaquejada, se mostra evidente que existe um mundo para além dos homens, ou seja, a pista de corrida tem se tornado, com o passar dos anos, gradativamente, um espaço de atuação feminina. As interlocutoras estão cada vez mais ultrapassando os limites do terreiro, que lhes fora imposto pelo campo da domesticidade, e se colocando fora dessa separação dos construtos de feminilidade e masculinidade.
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Mangalarga Marchador, O Mais Brasileiro Dos Equinos”: Um Estudo Sobre Relações De Troca E Parentesco Estabelecidas A Partir Da Criação De Cavalos Autoria: Victoria Alves Junqueira (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora) Autoria: Este estudo corresponde as primeiras considerações resultadas de um work etnográfico que venho realizando durante o mestrado. Meu objetivo aqui é reconstruir o momento que corresponde a “criação” da raça de cavalos Mangalarga Marchador no Sul de Minas Gerais. Para além do work de preparação e cuidado diário com os animais que muitas vezes não é realizado pelos proprietários dos animais, o que é considerado o work responsável pela construção do que vem a ser hoje uma nova raça de cavalos é a “seleção” e “cruzamento” dos animais. De maneira que o valorizado work de criar cavalos está relacionado a troca de sangue entre familiares visando sempre o chamado “cavalo para o work”. Durante esta pesquisa passei a entender a necessidade de pensar mais a fundo as relações entre a constituição das famílias e a formação da raça, já que estas instâncias aparecem como polos indissociáveis. De maneira que me proponho a investigar neste estudo os fundamentos desta complexa e íntima relação estabelecida pelas famílias, pautada principalmente na troca de animais entre parentes, entre núcleos familiares presentes no sul de Minas e seus cavalos. Para tanto procuro me debruçar sobre as narrativas presentes em livros e entrevistas que buscam reconstruir a história da raça de cavalos Mangalarga Machador e destas famílias. De forma geral, a raça de cavalos Mangalarga Marchador é considerada a “raça brasileira” e sua origem remete a aproximadamente 200 anos no sul de Minas Gerais, em especial na comarca do Rio das Mortes. A história do cavalo se confunde com as histórias das famílias detentoras de terras no Sul de Minas que se dedicaram a agropecuária, a criação de gado leiteiro e de cavalos para work, mais especificamente, o surgimento da raça é atribuída a essas famílias. O exercício que proponho aqui foi motivado também pela aparente existência de um sistema de trocas entre essas famílias, seja pensando os cavalos, pessoas e as propriedades rurais. Assim, busco refletir sobre como o ofício de criar cavalos é responsável por modificar a forma de ser e estar no mundo desses sujeitos representados pela narrativas de origem da raça e seus descentes, que muitas vezes destacam a existência de uma “obrigação” em dar continuidade ao work de seus antepassados. De maneira que até mesmo a própria existência da raça está intimamente ligada ao ofício de criar cavalos, que acaba por se inserir em um sistema de trocas e de parentesco na região.
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Memórias do work e elaborações da masculinidade em garimpos da região do Tapajós Autoria: Carlos de Matos Bandeira Junior (UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará), Prof. Dra. Luciana Gonçalves Carvalho
Prof. Dr. Rubens Elias da Silva Autoria: A garimpagem de ouro na Amazônia representou a maior frente econômica de ouro do país a partir da década de 1960 e promoveu a atração de grandes levas de trabalhadores, juntamente com suas famílias para se dedicarem a este labor, imprimindo sobre as cidades da região profundas transformações econômicas, territoriais, culturais e demográficas. A presente pesquisa reflete as dinâmicas sociais inerentes à formação social garimpeira na Amazônia Brasileira e tem como objetivo compreender como as memórias dos garimpeiros são reconstituídas a partir da noção de reciprocidade nas relações de gênero e work, tomando como referência focal a ideia de masculinidade hegemônica no garimpo. Amparada sobre as bases metodológicas da etnografia e da história de vida, as análises basearam-se sobre a memória social e as trajetórias de vida narradas pelos trabalhadores que viveram a experiência concreta de atuação nesta atividade e que, na atualidade, residem na cidade de Santarém, Pará. Identificou-se que os valores viris de masculinidade como coragem, contenção das emoções, dureza, honra e generosidade são estruturantes nas relações sociais garimpeiras e descrevem um tipo masculino no garimpo tido como ideal: o “cabra-macho”. Percebeu-se que as sociabilidades estabelecidas no espaço de work promovidas pelos garimpeiros são elaboradas como estratégias para acionar os predicados ideais da noção de homem no garimpo, por exemplo, no contexto do work, o modo de se obter distinção e respeito perante os pares passa em não reclamar do serviço e em não recrudescer das extenuantes e longas jornadas de work nas áreas de extração do ouro.
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Mulheres assistentes sociais e a militância pelos direitos dos idosos Autoria: Beatrice Cavalcante Limoeiro (UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) Autoria: Este work consiste no resultado de uma pesquisa antropológica de doutoramento, que teve como principal objetivo compreender quem são, como atuam e como se formam militantes pelos direitos dos idosos.
Para atingir este objetivo foram escolhidas as trajetórias de vida, discursos, relações, ações e produções das mulheres de mais de 60 anos que compõem a maioria dos participantes no Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso no Estado do Rio de Janeiro (Fórum PNEIRJ). O citado fórum existe desde 1996 e é um espaço público onde representantes da sociedade civil se encontram para debater sobre os direitos das pessoas idosas.
A metodologia utilizada se baseou na Teoria Ator-Rede (TAR) (LATOUR, 2012), com a proposta de seguir dez mulheres engajadas pela causa dos idosos e traçar suas redes de ações, associações e significados durante os anos de 2016 a 2018. A partir da compreensão de que existem múltiplas possibilidades em relação à velhice e que não é possível referir-se ao fenômeno como sendo homogêneo, as pesquisadas podem apresentar uma forma específica de vivenciá-lo.
As mulheres do Fórum PNEIRJ residem na cidade do Rio de Janeiro, são majoritariamente aposentadas, brancas, de classe média, com nível escolar superior, solteiras, sem filhos e exerceram works remunerados durante a vida adulta, relacionados às áreas do Serviço Social e Gerontologia. No exercício dessas profissões associadas à características consideradas femininas, elas entram em contato com o tema da velhice e desenvolvem uma sensibilização em relação à causa.
Pode-se dizer que elas são movidas pela oportunidade de promover ajuda e cuidados direcionados aos idosos - que no geral são considerados por elas como vulneráveis e em condições precárias de vida, além de desconhecedores e por vezes desinteressados dos seus direitos -, e/ou pela possibilidade de dar continuidade a uma trajetória de engajamento político, agora pela causa das pessoas idosas.
No processo e exercício de suas militâncias, estas mulheres partem da compreensão de que as diversas realidades que se apresentam para a velhice e suas necessidades devem ser pensadas através de soluções coletivas, rejeitando propostas e receitas individuais que propagam a alternativa de um envelhecimento bem sucedido mediante a capacidade pessoal de prevenção em relação à saúde, lazer e consumo.
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O work e as Vivências das Empregadas Domésticas da Cidade de Sobral-CE. Autoria: Francisca Ingrid Aguiar Parente (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Autoria: A pesquisa apresentada busca analisar as vivências profissionais e pessoais das mulheres que trabalham como empregadas domésticas na cidade de Sobral-CE. Será apontado como se dá a relação das empregadas domésticas com a família dos patrões e como o work remunerado acaba por influenciar em suas sociabilidades no bairro em que moram, já que reflete nas relações com suas próprias famílias e vizinhos. Minhas interlocutoras são moradoras do bairro periférico Terrenos Novos e se deslocam diariamente para trabalharem nos bairros de classe média alta da cidade. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2017 e 2020, tendo como resultado o work de Conclusão de Curso (TCC) apresentado para título de graduação em Ciências Sociais na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e possui continuação com o ingresso no Programa de Pós-graduação de Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Nos referidos anos citados, a investigação foi desenvolvida através de visitas as residências das empregadas domésticas, onde realizava entrevistas e observação participante. Essas visitas aconteciam no “tempo livre” de minhas interlocutoras, ou seja, quando não estavam trabalhando na casa dos patrões. No total seis mulheres contribuíram para a pesquisa. Elas são mulheres negras e moradoras de um bairro periférico, possuindo outras mulheres em suas famílias que já trabalharam como domésticas. Uma de minhas interlocutoras trabalha para a mesma família desde os seus nove anos de idade, outra ao se afastar do emprego por problemas de saúde, teve como substituta sua própria filha. Algumas, filhas de domésticas, eram levadas por suas mães para o work quando crianças e atualmente precisam levar suas filhas e filhos para o work. Assim, essas mulheres muito cedo possuíram uma socialização dentro do work doméstico. No work remunerado as interações das empregadas se dão com a família dos empregadores. As relações das domésticas com os patrões que foram analisadas são travadas de forma complexa e ambígua por meio de afeções, tensões, trocas, confiança/desconfiança, honra e acordos. Nessas relações, as domésticas tanto afetam como são afetadas por seus patrões. O work doméstico realizado por essas mulheres acaba influenciando através de diversas formas em suas vidas pessoais e até mesmo suas famílias e a relação com os seus vizinhos. Era frequente minhas interlocutoras relatarem o cansaço, estresse e problemas de saúde que resultavam do work doméstico remunerado. Dessa forma, a pesquisa destaca alguns pontos encontrados na investigação de campo realizada com as empregadas domésticas na cidade de Sobral-CE, enfatizando como o work que realizam está estritamente ligado as suas histórias de vida.
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Ofício da arte, ensino da rua: potencialidades do ensino-aprendizagem de arte urbana no Sul do Brasil Autoria: Leonardo Palhano Cabreira (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Autoria: Partindo de uma pesquisa etnográfica junto de atores proeminentes na cena de arte urbana da cidade de Porto Alegre/RS, centralizo aqui a figura da(o) Oficineira(o) de Arte Urbana nesta metrópole. Se fora influenciado em momentos passados, promulgados por administrações populares da cidade, hoje os projetos culturais e educacionais encontram-se estagnados, assim como o ofício da(o) Oficineira(o) encontra-se em “crise”. Poucas (senão míseras) são as políticas públicas que ainda se mantêm renitentes, de pé, na proposta de incentivar a arte-educação popular nos bairros da cidade. Destacando, assim, as trajetórias sociais de dois destes sujeitos, Bina e Trampo, proponho a este GT uma leitura de suas experiências não somente como “funções sociais especializadas”, mas como “múltiplas dimensões das identidades dos sujeitos”, como o corpo do resumo sugere. Por fim, resta salientar que o presente estudo encontra amparo nas discussões que intersectam as áreas da Memória e da Antropologia, sendo a Etnografia da Duração o caminho que percorro para aproximar estas matrizes. Nesta medida, destaca-se a importância do caráter temporal, como sugerem Cornelia Eckert e Ana Luiza Carvalho da Rocha, e das diferentes temporalidades articuladas pelos sujeitos, como adverte Roger Chartier.
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Praça das Águas: o “point dos venezuelanos”. Formas de apropriação do work, em Boa Vista-RR, num contexto de imigração venezuelana. Autoria: Madiana Valéria de Almeida Rodrigues (UFRR - Universidade Federal de Roraima), Marisa Gomes Bezerra (UFRR/PPGANTS). Autoria: As transformações no espaço urbano da Praça das Águas, localizada na cidade de Boa Vista, estado de Roraima, entre os anos 2018 e 2019, serve de fonte de inspiração para se pensar a apropriação do work feita por Venezuelanos recém-imigrados. A partir da observação etnográfica e de entrevistas no local, analisamos os encontros e desencontros de imigrantes que viveram e ainda vivem ao tentar ocupar a praça como local de work e de sustentabilidade. Argumenta-se que a praça (vista como lugar de livre acesso), apesar dos desígnios das normatizações, fornece possibilidades de exposição e confronto, tornando explícitas as divisões sociais capitalistas. Há um complexo e constante jogo tenso de disputa e negociação. A individualidade vai se estabelecendo em constante processo conjugado com rupturas e conflitos dependentes das diferentes formas de relações tangíveis. Conclui-se que a presença dos venezuelanos trabalhando ora como ambulante, como prestador de serviços, ora como artistas ou até mesmo realizando trocas via escambo, simbolizava um comportamento oposto ao ideal do work fiscalizador pretendido. De acordo com os representantes das instituições públicas que realizam o controle dos comportamentos na praça, os venezuelanos agiam sempre no caminho da “desordem”. Do ponto de vista venezuelano, no entanto, eles se consideram “estrangeiros em busca de work”. Assim, do ponto de vista nativo estar no país do outro, simboliza trabalhar e contribuir para a economia local.
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Profissionais jurídicos desviados: a linha tênue do ser no mercado de work contemporâneo Autoria: Debora Araujo Feitosa de Oliveira (SAS) Autoria: Este work explora aspectos das escolhas profissionais de bacharéis em Direito pela Universidade Federal do Ceará dos anos de 2013 a 2015 no mercado de work contemporâneo. Busquei fundir contribuições teóricas com os pontos de vistas expostos por meus interlocutores a fim de fundamentar a análise do nexo entre a continuidade ou o início da prática jurídica e o desvio dela após a graduação. Para compreender melhor o contexto pesquisado, suas dinâmicas e influências, tive como arcabouço minha própria experiência acadêmica e profissional. Em 2014, graduei-me em Direito na UFC, local em que tive a oportunidade de experienciar práticas jurídicas em 7 órgãos diferentes. Os corredores da faculdade e dos fóruns me pareciam encantadores, porém, após anos entremeados pela prática da advocacia e pelo estudo para concurso público, vi-me frustrada e busquei alçar novos voos pelo mercado editorial em prol de realização profissional e pessoal. Encontro-me no cargo de revisora em uma Plataforma de Educação produzindo livros didáticos, a despeito de a remuneração dos profissionais dessa área, especialmente no estado do Ceará, ser exígua. Entretanto, foi nesse ambiente que pude perceber, a olhos vistos, que casos de mudança de área profissional, após alguns – ou nenhum – anos de prática profissional na área de formação original são muito recorrentes, fato que me despertou muito interesse e me fez produzir a presente pesquisa. Nessa toada, pude observar que o processo de tomada de decisão encontra-se visceralmente conectado às emoções de um indivíduo (Giugliano). Tal fato se dá, pois a espécie humana é dotada de complexidade e sua existência em um sistema se dá em teia e não linearmente (Capra). A partir disso, com base em conceitos de Silvia Regina Brandão, proponho que indivíduos exercentes de atividades jurídicas veem-se, muito comumente, impelidos a buscar novas formas de alcançar seus anseios, ao se ver, despropositadamente, empregando energia em prol de um work em que não encontra o seu sentido de vida. Articulo essa proposta também com a falta de reconhecimento do Outro (Lacan) e com o mito de Sísifo exposto por Camus, com a submissão a um ciclo interminável de esforço árduo, experimentando uma sensação de proximidade com a morte. Por fim, principio uma reflexão acerca das inseguranças que permeiam a sociedade hodierna, agravadas pela instabilidade econômica e mercadológica, na busca de fundamentar a dificuldade de identificação de valores a se seguir, deixando a escolha profissional coberta de fragilidade.
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Relações de work, conflitos e identidades entre os trabalhadores do transporte de passageiros em Imperatriz, Maranhão. Autoria: Ana Paula Pinto Pereira (UFMA - Universidade Federal do Maranhão), Clodomir Cordeiro de Matos Júnior Autoria: O presente work tem por objetivo explorar o processo de emergência de novos atores sociais no arranjo trabalhista da cidade de Imperatriz, Maranhão, e os impactos de sua presença nos padrões de work, formas de sociabilidade e esquemas de percepções dos trabalhadores envolvidos em atividades de transporte de passageiros nessa região do país. Privilegiando uma análise qualitativa de cunho etnográfico em nossa pesquisa de mestrado, pretendemos refletir sobre como táxis, táxis lotação, moto táxis, ônibus e, recentemente, os motoristas de aplicativos compõem a complexa rede do transporte urbano da cidade de Imperatriz, MA. A coexistência desses múltiplos modais de transporte de passageiros na cidade se transformou significativamente nos últimos três anos, impulsionando uma série de conflitos - ora explícitos, ora latentes - em torno de questões subjetivas e materiais que revelam o dinamismo dos ofícios e profissões no Brasil contemporâneo. Nessa perspectiva, refletir sobre as múltiplas transformações ocorridas no “mundo do work” do transporte público de Imperatriz, MA, e os conflitos que ganham expressividade após a inserção dos motoristas por aplicativos na cidade, nos permite explorar antropologicamente algumas das dimensões que envolvem os sentidos, significados e padrões do work nessa região do país.
Pretendemos analisar, no primeiro momento do work, as transformações do arranjo dos transportes de passageiros em Imperatriz, MA, nos últimos três anos, potencializadas pela utilização de novas tecnologias e propostas de compartilhamento na prestação desses serviços. Em uma segunda etapa, exploraremos, a partir da produção de dados qualitativos, as transformações ocorridas no ofício desses trabalhadores com a emergência dos aplicativos de transportes de passageiros e as estratégias empreendidas por esses sujeitos diante desses processos. Nesse momento do work pretendemos destacar as mudanças e conflitos identificados entre as categorias de transportes de passageiros da cidade; as práticas e padrões de work que se articulam e reproduzem a partir do cotidiano dos trabalhadores de aplicativos; e, como esse novo arranjo tem potencializado a articulação de novos marcadores sociais da diferença e processos identitários entre os trabalhadores do transporte urbano em Imperatriz, MA. Por fim, com o anseio de avançar em minha pesquisa de dissertação, que busca compreender tais processos e transformações, proponho realizar considerações de conjunto sobre as implicações desse novo arranjo para a compreensão antropológica das dinâmicas de work e do ofício do transporte de passageiros no Maranhão.
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Saber Tradicional do Ofício de Cozinheira de Terreiro de Matriz Africana e Formas de Sociabilidades na Comunidade de Santo: Atividade Voluntária e Resistência à Exploração do work da Mulher Negra Autoria: Maria Grazia Cribari Cardoso (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco) Autoria: A presença feminina nas religiões afro – brasileiras tem sido bastante documentada nas pesquisas brasileiras sobre o tema. Estas têm sido focalizadas sob a ótica da liderança, da sexualidade, da posição hierárquica, da estrutura da família, das guardiãs transmissoras dos saberes, das cuidadoras dos terreiros e pela valorização e revalorização das grandes yalorixás. No entanto, quase não há referência às mulheres responsáveis pela preparação das comidas religiosas. As cozinheiras nas religiões afro-brasileiras são as guardiãs do conhecimento culinário considerando que a comida é central na religião de santo. No candomblé, a depender da tradição, estas mulheres ocupam um lugar de prestígio na organização social ou são apenas filhas de santo que executam a tarefa de cuidar da cozinha, sob a supervisão da mãe ou do pai de santo. Em princípio, são as mulheres que executam essas tarefas e elas são escolhidas entre as filhas de santo mais velhas, mas não há uma regra fixa. O conhecimento rico e diversificado que possuem sobre o repertório das comidas de santo, acrescidos os tabus em relação ao sangue menstrual das mulheres, segundo os adeptos da religião, jogam um papel importante nessa escolha. A metodologia qualitativa orientou a pesquisa de campo. A entrevista e a observação participante foram as técnicas utilizadas. Percebemos que a coleta de informações não poderia se restringir apenas a perguntas e respostas e o mergulho no terreiro foram essenciais para ouvir, ver, escutar, enfim, usar todos os sentidos a fim de entender a lógica de suas experiências sociais no ofício. No início de suas trajetórias na religião nota-se de diferentes maneiras na forma como se tornaram cozinheiras de terreiro. A aprendizagem faz-se em casa ou no terreiro, pela observação direta. As crianças aprendem as técnicas de cuidado da casa com as mães/avós ou outras mulheres que as substituam. Os adultos, no terreiro, através da observação e ensinamentos de outras cozinheiras (os) mais experientes. Considerando ser uma culinária de aprendizagem oral, se estabelece uma relação entre o aprendiz e o sábio (a) que domina o conhecimento das comidas de santo. A sociabilidade, o compartilhamento e a distribuição são valores intrínsecos a atividade. Na religião afro brasileira a comida aparece no início dos rituais, nas oferendas aos deuses (obrigações, ebós) e ao final do ritual onde são oferecidas comidas a comunidade de crença. O work das cozinheiras de terreiro é work doméstico voluntário. Se por um lado, a situação social da mulher negra lhe limita as chances na sociedade, por outro, os terreiros de matriz africana são formas alternativas de resistência simbólica coletiva a exploração do work.
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Eu “camelô”: Da biografia a escrita acadêmica. Autoria: Vanusia Marlene da Silva Drumond (UFF - Universidade Federal Fluminense) Autoria: O presente work é resultado de uma observação etnográfica dos camelôs situados no bairro de Icaraí – Niterói(RJ), buscando compreender a trajetória desses empreendedores bem como suas relações entre si, com a sociedade local e com a Guarda Municipal daquele município. Para tal, foram utilizados métodos qualitativos através de observação empírica e entrevistas com camelôs e guardas daquela localidade, além da análise de minha própria experiência enquanto camelô e bacharel de Segurança pública e social pela UFF. O objetivo foi verificar se houve mudanças nessas relações conflituosa e no perfil desses atores sociais ao longo dos anos sobretudo após o movimento de reorganização do espaço público organizado pela gestão municipal.
Um dos focos de análise será a relação desses atores sociais com sua identidade profissional, ressignificando sua atuação no âmbito do universo do work, onde pude observar a relutância de alguns desses camelôs em se identificarem como tal, decorrente do fato da categoria camelô não ser considerada uma profissão, mas uma ocupação estigmatizada, composta por uma multiplicidade de indivíduos com bagagem cultural distintas.
Além disso, discorrerei sobre minha experiência pessoal, que permitirá a descrição de todo um conjunto de situações no campo. A partir da minha inserção particular no campo, pude observar diversos comportamentos além de uma mudança em minha própria realidade, ao passar a frequentar o ambiente universitário e deparar-me com ferramentas metodológicas que trouxeram a tona um estranhamento na observação de práticas até então corriqueiras. Como sugere o título, trago minha trajetória como camelô e a utilizo em minha escrita como meio de contribuir para o ambiente universitário em retribuição ao conhecimento adquirido, e aos programas sociais de incentivo a educação aos quais tive acesso na época, como o caso do EJA e do ENEM bem como o sistema de cotas para pessoas oriundas da rede pública de ensino. A pesquisa aborda ainda a relevância econômica do work dos vendedores ambulantes, regularizados ou não, para a movimentação econômica de uma determinada região. A economia que gira em torno da atuação dos camelôs e o rendimento que propicia a outras famílias da região a partir de sua existência naquele local. Economia essa que passa despercebida a maioria da sociedade por conta de uma invisibilidade social sofrida por essa categoria relegada aos interstícios do meio econômico e social.
Referencia do título: Monografia de Conclusão de Curso em Segurança Pública e Social pela UFF,defendida em Julho de 2019 entitulada: Eu “camelô”: Da biografia a escrita acadêmica.
Autora: Vanusia Marlene da Silva Drumond. Bacharel em Segurança Pública -UFF
E-mail: dudadrumond2013@gmail.com
Agradecimentos: NEPSSE,DSP- INEAC-UFF
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Novas possibilidades de resistência no campo do work doméstico: Pensando o caso de um coletivo de faxinas em Belo Horizonte-MG Autoria: Júlia Vargas Batista (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) Autoria: Considerando a prática do work doméstico assalariado no Brasil e os atuais desafios político-econômicos no cenário nacional, esta pesquisa, ainda em andamento, se propõe a investigar, a partir da antropologia e da pesquisa de campo, os desafios e a trajetória de um coletivo de faxinas fundado em 2015 na cidade de Belo Horizonte - MG. A organização, hoje composta por cerca de cinco mulheres, surgiu por meio da iniciativa de uma das atuais coordenadoras em busca da valorização das trabalhadoras, pautando sempre a não exploração do work doméstico assalariado. O coletivo atualmente disponibiliza os serviços de faxinas e passagem de roupas, atuando em toda a região de Belo Horizonte. Venho realizando a pesquisa de campo desde outubro de 2019 e algumas importantes questões vêm aparecendo diante deste contexto: Como se dá, na prática, a atuação do coletivo e a relação com os clientes contratantes? Quais elementos conformam o discurso e a prática anti exploração? Como o debate de gênero e raça se revelam neste cenário? É possível pensar a atuação do coletivo como uma prática pedagógica sobre o work doméstico? E finalmente - não menos importante -, quais as experiências e trajetórias de vida dessas mulheres e como isso impacta a construção do coletivo? Nesse sentido, este pôster pretende expor alguns dados da etnografia que resultará em minha monografia de conclusão de graduação em antropologia.
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“ODOR DE ROSAS”: work e memória da PHEBO em Belém Autoria: Fernanda Valli Nummer (UFPA - Universidade Federal do Pará), Yasmym Silva Cardoso
Lucas Silva Cavalcante Franco
Autoria: Essa é uma parte de um projeto de pesquisa que pretende resgatar a memória de antigos trabalhadores da empresa PHEBO na cidade Belém. A técnica e coleta de dados utilizada foi o estudo de redes (BOISSEVAIH, 2017) quando entrevistas semi-estruturadas foram utilizadas para retomar a “memória compartilhada” (RICOEUR, 2007) dos entrevistados, acionadas nas formas narrativas construídas em torno da sociabilidade (FRÚGOLI JÚNIOR, 2007) construída no/pelo work na fábrica. A PHEBO foi criada em Belém em 1930, por uma família portuguesa, em 1988 foi vendida à multinacional Procter & Gamble e em 2004 à Granado Pharmácias. Fechou sua fábrica em Belém em dezembro de 2019. Os resultados apontam que o espaço de work na fábrica formava uma forte rede de amizades e afetos. Também que a ascensão profissional, a valorização pessoal e o ambiente familiar até 2004 eram motivos de satisfação no work. Com as mudanças ocorridas no sistema industrial e de gestão profissional dos anos 2000 (HARVEY, 1994), os trabalhadores entrevistados demostraram um descontentamento com as novas regras de produção, foram desligados da empresa perdendo os vínculos de sociabilidade anteriormente adquiridos no work. Conclusão, o work é uma fonte de sociabilidade nas cidades, especialmente em espaços industriais, em que os trabalhadores convivem grande parte do tempo do seu cotidiano e agregando novas identidades.
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