A expansão do interesse das pesquisas antropológicas pelas temáticas afetas à mobilidade humana reflete a importância adquirida pelos distintos deslocamentos populacionais no capitalismo contemporâneo. Sejam eles forçados ou não, tais deslocamentos ensejam ou atualizam uma série de hierarquias e processos de exclusão associados recorrentemente a populações subalternizadas. Por sua vez, atores políticos, organismos internacionais, governos nacionais e blocos supranacionais de diferentes regiões do mundo vêm consolidando retóricas que oscilam entre a securitização e o humanitarismo, usualmente informadas pela sanha de aprimoramento dos mecanismos de controle da circulação.
Esta Mesa Redonda (MR) se propõe a refletir sobre os deslocamentos humanos contemporâneos, tendo em vista tanto as constrições relacionadas às estruturas de dominação que os acompanha quanto as múltiplas formas de resistência e alteridade gestadas em tais movimentos. A aposta da mesa redonda, portanto, é no aprofundamento de abordagens etnográficas realizadas em contextos de mobilidade exacerbada e que se constroem a partir da interação com múltiplos sujeitos de pesquisa e no distanciamento de discursos institucionalizados. Nesse sentido, serão priorizados trabalhos que reflitam sobre a produção de fronteiras e os diferentes mecanismos estatais de ordenamento e controle da mobilidade.