MR 015. Diversidade Sexual e de Gênero, Nação e Política
Coordenador(es):
Fabiano de Souza Gontijo (UFPA)
Participantes:
Estêvão Rafael Fernandes (Univ. Fed. de Rondônia)
Fátima Lima (UFRJ)
Braulina Aurora (Braulina Baniwa)
Os silenciamentos, apagamentos e/ou enquadramentos reguladores da diversidade sexual e de gênero são instrumentos inseridos em um dispositivo essencializador e naturalizador – sustentado pelos sistemas médico-científico e jurídico-normativo – de produção do projeto hegemônico de nação em países (ainda) submetidos à situação colonial – uma nacionalidade geralmente euronorcentrada, racialmente marcada, heteronormativa e reprodutora de múltiplos colonialismos internos. Trata-se aqui de abordar esses dispositivos de silenciamentos, apagamentos e/ou enquadramentos reguladores da diversidade sexual e de gênero no âmbito dos processos de construção e manutenção de identidades e ideologias nacionais, numa perspectiva comparada, multissituada ou global consciente dos efeitos múltiplos das (novas) situações coloniais e verificar, assim, a relação do campo de produção de conhecimentos acadêmicos com esses instrumentos e dispositivos no seio daqueles processos. Serão apresentados resultados de pesquisas já realizadas ou em andamento, reflexões teóricas e propostas metodológicas inovadoras que contribuirão para a compreensão da articulação de marcadores sociais da diferença – tais como gênero, sexualidade, raça, classe, geração, religião etc. – com os projetos nacionais e as discursividades nacionalistas.
Resumos submetidos |
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Diversidade Sexual e Crítica Colonial como Prática Antiautoritária Autoria: Estêvão Rafael Fernandes (Univ. Fed. de Rondônia) Autoria:
Esta comunicação parte de uma pergunta aparentemente simples: Por que discutir gênero e sexualidade em contextos não-hegemônicos incomoda, tanto política quanto epistemicamente? Minha hipótese é que isso ocorra justamente por essas questões acessarem temas tais como colonização, dominação, normalização, enquadramentos diversos, problematizando questões relacionadas à gênese da própria constituição de conceitos como nação, nacionalismo, racismo, indigeneidade, autoritarismo e controle moral. Nossa intenção aqui será por essas categorias em relação não apenas entre si, mas também em re(l)ação à atual conjuntura brasileira. De que forma a maneira como essas categorias tem sido postas em jogo na arena pública, ou de que maneiras elas podem ser desconstruídas? O que isso nos diz sobre poder, inclusive dentro da academia? Em suma, a quem incomoda essa discussão e quais são os termos, nessa discussão, que incomodam. Onde esse incômodo e essa problematização nos levam, política e epistemologicamente? |
Negridade e Nação: bio-necropolíticas e resistências viscerais em corpos infinitos Autoria: Fátima Lima (UFRJ) Autoria:
Partindo da ideia de que é impossível discutir a modernidade e, consequentemente, a invenção da nação sem levar em conta a relação indispensável que acontece entre modernidade-nação e a racialidade, sendo esta última a espinha dorsal que sustentou tal projeto através do que Denise Ferreira da Silva (2019) chama de dialética racial, o presente texto se ocupa brevemente de pensar o projeto Estado capital-racial tendo a democracia como contexto analítico. Destarte, a noção de bio-necropolítica como trabalhada por Fátima Lima (2018) emerge como um conceito intercessor importante para pensar as relações raciais em contextos brasileiros. Por fim, a negridade aparece como uma experiência que possibilita a construção de resistências viscerais num projeto de nação brasileira que é racista, sexista e genocida. |
Saúde, Sexualidade Indígena e Cuidados com o Corpo Autoria: Braulina Aurora (Braulina Baniwa) Autoria:
Resumo: Este artigo busca apresentar uma reflexão, partindo do resultado de dois encontros e participação no documentário, sobre a sexualidade indígena, a partir do ponto de vista de uma mulher indígena, ativista que defende os direitos indígenas, de gênero e de mulheres, de forma interpretativa e desde uma perspectiva de indígenas em processo de aceitação de sexualidade. O nosso objetivo é apontar como ações de colonização, partindo das igrejas não-indígenas violaram o direito de práticas sexuais e culturais dos povos indígenas, no contexto de saúde e cuidado com o corpo, que é resultado do contato violento com os povos indígenas. Para expor essa resistência e resiliência, se faz necessário uma reflexão e debates, partindo dos encontros que aconteceram no centro de convivência do coletivo dos estudantes na UnB. Indo na linha de entendimento e acesso aos direitos sobre o corpo, um debate necessário, no cenário de diversidade de pratica de violência, ser indígenas nos espaços de formação. |