MR 006. A vida social dos mortos: circulação e agenciamentos
Coordenador(es):
Flavia Medeiros Santos (UFSC)
Participantes:
Hippolyte Brice Sogbossi (UFS)
Fábio Alves Araújo (IFRJ)
Diogenes Egidio Cariaga (UEMS)
Debatedor/a:
Rachel Aisengart Menezes (IESC/UFRJ)
Os estudos sobre a morte e o morrer se configuram como tema clássico da antropologia social que ultimamente tem se atualizado, a partir do trabalho de antropólogos contemporâneos, com suas pesquisas etnográficas, que descrevem o tratamento concedido ao corpo morto em rituais, instituições e mercados. Nesta mesa redonda vamos apresentar etnografias realizadas em diferentes contextos que abordam as formas pelas quais os mortos se fazem presentes na vida cotidiana. A partir de processos de agenciamentos de pessoas sem vida, analisamos a presença e ausência de sujeitos mortos e discutimos as diferentes formas pelas quais alguns sujeitos fazem parte da vida social, inclusive sendo acionados nas relações sociais após suas mortes. Trata-se aqui de refletir em que medida sujeitos mortos agem ou são conduzidos a agir, considerado as maneiras pelas quais suas existências como pessoas sem vida são mobilizadas nas relações sociais, por meio de acontecimentos e eventos produtores de uma vida social dos mortos. Esperamos desenvolver um diálogo em torno de subjetividades, produção de sentidos, ritos, burocracias e trocas, levando em conta os circuitos pelos quais estes mortos circulam, material e simbolicamente, bem como expor elementos para compreender como tais agenciamentos referem-se à produção de outros modos de vida.
Resumos submetidos |
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Assen nududu e Assen tuntun: representação da morte e comida ritual entre os fon do Benim. Autoria: Hippolyte Brice Sogbossi (UFS) Autoria:
Algumas incursões recentes à República do Benim, país do oeste africano fazem-me deparar com os ritos anuais de Assen nududu ‘comida de Assen’, espécie de pendentif em forma de guarda chuva, com objetos simbólicos que servem de adornos na parte superior do metal; e Assen tuntun, ‘fixação do assen’. Este, como representação do(a) falecido(a), consagra a despedida definitiva deste (a) da sua família, sem deixar de agradá-lo(a), e recebe todo ano, junto com outros, comidas apropriadas, frutas e bebidas, em meio a preces. Em retorno, o integrante do além, abençoa também aos vivos e prolonga a existência destes na terra. Trata-se de uma modalidade de transmissão de conhecimentos e práticas que assegura a ligação entre vivos e mortos. O objetivo desta apresentação é descrever e analisar, com apoio de imagens, todo o processo de fixação da representação do defunto, com ênfase na comida ritual. |