A crise da representação, desencadeada pela obra de Marcus e Clifford, colocou em xeque as raízes positivistas das ciências sociais ao questionar a cisão entre objetividade (ciência) e subjetividade (arte). A arte, que era admissível apenas como objeto de investigação, passou a ser tomada também como forma de apresentação e descrição de realidades sociais. A própria ideia de “registrar” ou “representar” seu tema ou seus sujeitos de pesquisa tem sido substituída, muitas vezes, pela ideia de “evocar”. Esse termo, usado por alguns autores para falar do objeto artístico, supõe que esses objetos desafiam seus espectadores no sentido de que é preciso investimento, desejo, trabalho interior de evocação para que seus sentidos se manifestem. Essa oficina pretende partir da ideia de “sensação-pensamento” como instrumento de compreensão para ultrapassar o limite das palavras e chegar a significados evocados no encontro dos sujeitos com a experiência do fazer antropologia. Ela se constituirá de dois encontros orientadores na produção de uma evocação, por meio de desenhos e fotos etnográficas organizados em um livro, as diversas dimensões desse congresso. O livro será encadernado manualmente por aqueles que quiserem levar uma cópia para casa. Essa produção poderá também, posteriormente, ser reproduzido em formato digital e distribuído gratuitamente pela ABA.