MR 042. O Ensino da Antropologia Biológica/Física no Brasil: Desafios do Presente e Perspectivas para o Futuro

Coordenador(es):
Hilton Pereira da silva (UFPA)

Participantes:
Anne Rapp Py-Daniel (UFOPA)
Verlan Valle Gaspar Neto (UFRRJ)
Danilo Vicensotto Bernardo (Uni. Fed. do Rio Grande - FURG)
Debatedor/a:
Louis Forline (Univ. Nevada - Reno)

A Antropologia é uma ciência holística, dinâmica, que na sua trajetória tem respondido a diversas correntes teóricas. Na América Latina, algumas instituições oferecem apenas formação em nível de graduação, outras em nível de pós-graduação, nos diferentes campos da disciplina (sociocultural, biológica/física, arqueologia e linguística antropológica), enquanto poucas oferecem ambos os níveis e dois ou mais campos simultaneamente. As realidades biológicas e culturais das populações da região são tão variadas que a antropologia, em seus diferentes campos, pode ter um papel fundamental na busca por soluções para os distintos problemas vivenciados. Neste sentido, a discussão sobre o ensino de antropologia nos diferentes campos é fundamental para o desenvolvimento da disciplina e seus profissionais. Até recentemente não havia no Brasil titulação formal no campo da antropologia biológica/física. O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA), criado em 2010 na Universidade Federal do Pará, é o primeiro no país a oferecer um curso de estudos de mestrado e doutorado com foco neste campo, mas há outras instituições onde ele também é ensinado. Nesta mesa redonda a situação do ensino de bioantropologia é discutida, os desafios teóricos são ponderados e os participantes fazem uma análise sobre como as diferentes perspectivas dos programas no país podem contribuir para a formação de antropólogos e antropólogas capazes de responder aos problemas biossociais do mundo contemporâneo.

Resumos submetidos
Diálogos possíveis entre a Bioantropologia, a Antropologia Sociocultural e outras áreas do conhecimento
Autoria: Verlan Valle Gaspar Neto (UFRRJ)
Autoria:

Quais as possibilidades de diálogo entre a Bioantropologia, de um lado, e a Antropologia Sociocultural, e outras disciplinas, de outro? Sobre este tema, neste work são apresentados os relatos de quatro pesquisadores atuantes em Antropologia Biológica no Brasil. Recolhidos em 2012, os relatos estão organizados em três eixos que dialogam entre si: (a) uma suposta lacuna na formação dos antropólogos brasileiros (o tema da evolução biológica humana); (b) as possibilidades efetivas de diálogo a partir de temas / objetos específicos; (c) as disputas em torno de um tema comum (o povoamento humano da América) entre as diferentes especialidades da Bioantropologia. Os conteúdos dos relatos são suplementados por discussões teóricas e relatos de works de campo (revisão bibliográfica) assinados por antropólogos de diferentes especialidades que têm por meta uma Antropologia integrada.

Falando de Antropologia Biológica a partir da Arqueologia Amazônica
Autoria: Anne Rapp Py-Daniel (UFOPA)
Autoria:

O grande desafio da Antropologia biológica no Brasil é a falta de conhecimento sobre a própria disciplina, as diferentes perspectivas têm gerado conflitos conceituais importantes. Atualmente, grande parte do que é entendido como Antropologia biológica vem sendo ensinado dentro de cursos de arqueologia ou de saúde. Por um lado isso limita o crescimento da disciplina, mas também permite abordagens interdisciplinares. O ensino da antropologia biológica ou da antropologia como um todo, está vinculado ao histórico colonialista das mesmas e há necessidade de reflexões sobre as questões éticas nesse tipo de estudo. Na Amazônia, os estudos que interagem com a antropologia biológica têm buscado diferentes ênfases e se voltado para cronologias bastante distintas (de períodos remotos de milhares de anos, até a busca por desaparecidos).