GT 025. Cidades, turismo e experiências urbanas
Juliana Gonzaga Jayme (PUC Minas) - Coordenador/a, Lea Carvalho Rodrigues (Universidade Federal do Ceará) - Coordenador/a, Wânia Maria de Araújo (Universidade do Estado de Minas Gerais e Centro Universitário Una) - Debatedor/a, Vera Maria Guimarães (UNIPAMPA) - Debatedor/a, Maristela Oliveira de Andrade (Universidade Federal da Paraíba) - Debatedor/a)Desde a 29ª RBA, coordenamos um GT, cuja proposta é contribuir para as discussões no âmbito da antropologia urbana e do turismo. Assistimos, de um lado, às políticas urbanas comuns nas metrópoles, em especial em suas áreas centrais e pericentrais, voltadas para as chamadas requalificações que, muitas vezes, vão ao encontro da ideia de marketing urbano, com intervenções em edifícios históricos, que se tornam lugares de entretenimento e consumo cultural. A memória é usada estrategicamente, valorizando o passado como mercadoria cultural, de modo que se frua história e cultura nesses lugares. Ademais, o turismo é uma activity que pode impactar cidades de quaisquer portes, com efeitos na reconfiguração de espaços e na criação de lugares e paisagens. As cidades são, a um só tempo, lugares identitários (Augé) e de memória (Nora); espaços de dispersão, fragmentação e fluxos (Hannerz); espaços de encontro e de conflito. As cidades turísticas, por outro lado, à parte suas singularidades, necessitam criar atrativos ao visitante, despertar seu interesse e suscitar desejos de ali estar, ver e viver experiências ímpares, distantes do cotidiano, o que cria um imaginário sobre elas via narrativas dos moradores, viajantes e empresas de turismo.
Este GT acolherá propostas que resultem de pesquisas empíricas sobre essas temáticas e promovam articulações entre problemas teórico/metodológicos, próprios aos dois campos disciplinares, ou enfoquem diferentes dimensões analíticas sobre os temas
Resumos submetidos |
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A Reserva Pataxó da Jaqueira: Etnoturismo, Autogestão e Protagonismo Feminino em uma Terra Indígena na “Costa do Descobrimento” (Porto Seguro – Bahia - Brasil). Autoria: Rodrigo Pádua Rodrigues Chaves Autoria: Apresento parte dos resultados da etnografia do turismo realizada na Terra Indígena Coroa Vermelha, de ocupação da etnia Pataxó, localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália - Bahia - Brasil, contextualizando-a no âmbito do desenvolvimento e no crescente interesse no denominado turismo étnico nos últimos anos em todo o mundo, assim como nas discussões levantadas por antropólogos, geógrafos e cientistas sociais que desenvolvam pesquisas sobre turismo cultural e étnico em comunidades indígenas. Relaciono a experiência dos índios Pataxó com atividades turísticas não só com os demais segmentos da população regional, mas, também, com uma sorte de outros segmentos multilocalizados, contextualizando a pesquisa nas discussões ensejadas no âmbito da antropologia do turismo, buscando dialogar com a literatura antropológica brasileira e internacional. Minha tese é que o work realizado pelos indígenas Pataxó na Reserva da Jaqueira engendrou um processo de valorização cultural e “resgate” da língua Patxohã, bem como serviu como “modelo” para outras comunidades indígenas brasileiras.
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A rua fechada e os diferentes usos do espaço público urbano. Autoria: Gláucia Maria de Jesus Lima, Natália Amado Autoria: O objetivo desse estudo é analisar, através da observação da dinâmica socioespacial da “rua fechada”, os diferentes usos do espaço público urbano. A “rua fechada” ou simplesmente “RF” é um projeto realizado pela prefeitura do município de Maceió em Alagoas, o qual aos domingos o trânsito de um trecho da avenida da praia da ponta verde é fechado e esse espaço passa a ser usado para o lazer. A “rua fechada” enquanto espaço público atrai diversas pessoas por ser um lugar onde as mesmas podem transitar livremente, fazer reuniões ao ar livre, levar crianças ao parque que nela é montado, além de possibilitar uma série de atividades, como patinação, ciclismo, corrida, entre outras. Dessa forma, o público que frequenta a “rua fechada” é bastante diverso, sendo verificada a presença de grupos sociais distintos, além dessa variedade também se dar com relação à faixa etária e ao poder aquisitivo, fazendo dela um espaço, considerado pelos seus frequentadores, como democrático. Para tanto foi utilizado o método etnográfico, através da observação direta, a partir de conversas com frequentadores da “rua fechada”, o qual possibilitou melhor compreensão da configuração desse espaço público urbano que passa por transformações e/ ou ressignificações, de como são tecidas as relações sociais sendo caracterizadas pelas individualidades típicas do urbanismo. E ainda, que apesar de ser considerada um espaço democrático há, na rua fechada, fatores externos que a qualificam e hierarquizam, favorecendo o surgimento de "enclaves sociais”.
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A(s) Feira(s) Central de Campo Grande Autoria: Juliana Barbosa Lima e Santos Toyama Autoria: No ano de 2004, a Feira Livre Central de Campo Grande (MS) deixou de ser feita numa rua da cidade e desde então ocupa uma edificação implantada na Esplanada Ferroviária e renomeada como Feira Central e Turística. A edificação se trata de uma estrutura modular, com corredores ajardinados protegidos por uma cobertura feita em tenso-estrutura e possui elementos estéticos que remontam o estilo Shinden - arquitetura que era utilizada em épocas de Japão feudal, justificada sob a homenagem aos comerciantes de ascendência japonesa da feira. Se outrora a feira era um espaço misto e integrado de comércio, agora, protegida por grades e equipamentos de segurança particulares, ela é dividida em dois blocos principais: um destinado à gastronomia e outro, destinado ao comércio varejista.
Este work procura refletir sobre os significados e contextos de sua transformação em cenário turístico, bem como a memória em torno da antiga Feira Livre Central. Nessa linha de raciocínio conseguimos observar existem sentidos diacrônicos nas dimensões do tempo, do espaço e da cultura. Compreender o tempo e o espaço como categorias tão importantes como a cultura para pensar a feira nos leva a perceber que a Feira Central, como a cidade, é um processo, e não um patrimônio cristalizado. Notamos assim que, também a Feira, como a cidade, não é apenas uma, mas várias: se por um lado ela é uma intervenção urbana, ela também é uma memória; se ela é a feira “dos japoneses”, ela também é a feira dos artesãos; se ela é a feira do consumo, ela também é uma feira do trabalhador; se é uma feira para o turista, ela também é uma feira para o cidadão de Campo Grande; se ela é uma feira de distinção, ela também é uma feira de similaridades. Logo, decidimos organizar nesse work os olhares sobre este espaço e analisar as diferentes visões desse lugar simbólico e heterogêneo, bem como, buscar através das diferentes perspectivas que compõe esse lugar, o ângulo pelo qual discussões se encontram e geram significados.
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Afro-patrimônios na cidade: “lugares de memória” como atrativo turístico? Autoria: Mariana Ramos de Morais Autoria: Os estudos sobre a relação entre patrimônio cultural e cidade tem privilegiado as regiões centrais das metrópoles. Muitos deles abordam os projetos de intervenção/requalificação urbana; a transformação do patrimônio em mercadoria como um diferencial no chamado “mercado global de cidades” e também na indústria do turismo; e o papel da patrimonialização nos processos de gentrification/enobrecimento. Nesta comunicação, no entanto, o foco está na periferia das grandes cidades, onde majoritariamente estão situados os afro-patrimônios, como se observa no caso dos reinados de Nossa Senhora do Rosário situados em Belo Horizonte e nas cidades do seu entorno metropolitano. O processo de patrimonialização da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, na capital mineira, será, assim, descrito e analisado. Tombada em 1995 pelo município, essa Irmandade está localizada no bairro Itaipu, distante fisicamente da área central da cidade. Ela foi escolhida para representar um “marco da resistência negra” em Belo Horizonte, durante as celebrações locais em homenagem aos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares. Seria, dessa forma, nos termos de Pierre Nora, um “lugar de memória”, da memória dos negros. Porém, após o ato do tombamento não foram registradas ações do poder público municipal em que essa Irmandade fosse mobilizada. É como se o bem patrimonializado estivesse encerrado nos livros de tombo, uma vez que não é partícipe do cotidiano da política pública. Por isso, lanço a questão: em que medida os afro-patrimônios, pensados como “lugares de memória”, seriam atrativos turísticos? O caso da Irmandade do Jatobá é a base para se refletir sobre essa questão, mas outros casos também serão mencionados – como o registro do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, como patrimônio mundial pela Unesco e a patrimonialização de terreiros (candomblé, tambor de mina, culto a egungun) no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Intenta-se, a partir desses exemplos, demonstrar como a questão proposta pode suscitar diferentes apontamentos. Além disso, busca-se colocar em evidência as disputas, as contradições e as ambiguidades presentes na constituição dos afro-patrimônios.
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Antropologia do Espaço e Os Espaços Urbanos Festivos – Tecendo Movimentos e Práticas na Cidade Autoria: Gustavo Fiorini Marques Autoria: Em um mundo em que os atravessamentos e práticas culturais acontecem intensamente em uma localidade específica, o espaço passa a ser uma abordagem necessária para se pensar acontecimentos da vida urbana, enquanto característica que está sempre colocando em relação coisas e fundamentando a ambientação das disposições e composições dos fatos e fenômenos culturais. Trata-se, nesta pesquisa, sobre como a cidade opera dentro da perspectiva de sujeito e palco de interações sociais densas nos espaços públicos, dispostas e emaranhadas em uma constância de âmbito político, de ação política e habitação da cidade. Se por um lado é a partir da relação que se compreende um acontecimento, então é por meio da apreensão de ideias operando em determinados espaços, que se poderá absorver as constâncias e inconstâncias dos lugares. As práticas festivas transitam justamente na possibilidade de apreender a cidade, na construção e desconstrução dos diferentes modos de habitar, dessas práticas mesmo, criativas e sensitivas.
Nessa perspectiva, a Antropologia do Espaço tem muito a contribuir para essa compreensão. São vários os coletivos urbanos que têm produzido festas e ocupações que pretendem reunir ideias e consequentemente fundar outras formas de habitar a cidade. Essas práticas de ocupação fundamentam-se na crença política de grupos sociais urbanos que praticam novas possibilidades de entretenimento, de movimentação em espaços explicitamente citadinos, em que a trança de elementos sonoros, visuais e sociabilizações ocorrem densamente, não mais somente em boates, pubs e outros lugares privados. Sendo assim, a ideia nessa pesquisa é tentar compreender a cidade através dessas particularidades contemporâneas da vida urbana, considerando necessário que se observe a partir do espaço enquanto elemento que, em certa medida, ordena e distribui essas feituras urbanas, mas que também é moldado e remodelado, construindo e desconstruindo a cidade e práticas muitas vezes consideradas como tradicionais.
Partindo dessa ideia de “prática” e entendendo a cidade como sujeito, as questões passam a ser variadas. Os espaços festivos, do ponto de vista da prática e da transformação, não se limitam ao entretenimento, como também constitui um fenômeno, um fato cultural contínuo – ora, a cidade é tanto um emaranhado, como um desemaranhado. Assim, as festividades citadinas se intensificam em uma órbita que necessariamente compõe a experiência urbana, e, portanto, esses eventos, organizados por coletivos como o Arruaça, em Porto Alegre (RS), a 1010 e o Masterplano, em Belo Horizonte (MG), a Batekoo, em diversas cidades brasileiras, o Sofá na Rua, em Pelotas (RS), enfim, indicam para uma certa necessidade de estar em outros espaços, descobrir a cidade que nem sempre é vivida aqui, ali ou acolá.
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CASULO – Escritório itinerante de arquitetura e design: uma etnografia sobre comportamento e identidade nas periferias de Campo Grande – MS Autoria: Hugo Costa Gripa Autoria: A casa é uma expressão, e também uma expansão do eu. Não é de hoje que o ser humano imprime sua marca nas suas escolhas de consumo e no seu jeito de morar. Estudar essas relações de consumo, além de simplicidades aparentes, é uma tarefa complexa. Em dados contextos é crucial identificar os valores que permeiam essas relações. Neste sentido, a presente pesquisa está centrada em uma investigação etnográfica em um escritório itinerante de arquitetura e design, que percorre periferias de Campo Grande – MS, a bordo de um motor home, oferecendo projetos de arquitetura mais acessíveis à população além centro. Esta pesquisa tem o propósito de entender de que modo as escolhas do morador da periferia são influenciadas e interagem na constituição de suas identidades e de paisagens das regiões periféricas por onde este escritório percorre. Campo Grande é uma capital nova e passa por intensos processos de modificação espacial nos últimos anos, como a potente expansão dos circuitos de consumo de bens materiais e simbólicos para uma população que, até então, teria que se deslocar para o centro da cidade. Assim, a pesquisa pretende etnografar atendimentos do referido escritório itinerante, conversando com clientes - moradores de bairros da periferia, observando suas relações e componentes de decisão e consumo, para depois analisar, a partir da Antropologia Social, especialmente da Antropologia Urbana, o que se refere à construção de cidades, competição social, comportamento humano no meio urbano, marcadores sociais de diferença e relações de poder em territórios determinados. O Casulo surgiu em Campo Grande a partir da percepção de sua proprietária na resistência de algumas pessoas em acessar um escritório central, talvez pelo “estigma” de que esse serviço seja inacessível. Neste sentido, a possibilidade de levar projetos de arquitetura a qualquer canto se torna instrumento para alcançar a periferia, considerado um novo centro de consumo. Casulo nada mais é do que um envoltório, uma capa protetora feita por insetos, onde sofrem a metamorfose, a mudança. Neste sentido, o referido motor home se propõe a espalhar transformação e aproximar a arquitetura das pessoas de toda cidade, fugindo do tradicional, desmistificando estigmas e contribuindo para transformação de perspectivas estéticas e valores simbólicos de moradores da periferia.
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Cidades turísticas e conflitos socioambientais: Estudo etnográfico em Jericoacoara- Ceará. Autoria: Helenita Maria Teixeira Marques Martins, Fabiana do Nascimento Pereira. Autoria: Este work é o estudo etnográfico do conflito socioambiental que está ocorrendo na Vila de Jericoacoara, localizada a 18 quilômetros de Jijoca (município sede), litoral Oeste do estado do Ceará-Brasil. A vila encontra-se entre os limites do Parque Nacional de Jericoacoara (PARNA) e o mar, que a caracteriza semelhante a uma ilha; os acessos são por três rotas monitoradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em decorrência das mudanças ambientais, sociais, políticas e econômicas na localidade, estabeleceu-se um embate entre a preservação ambiental e o crescimento turístico do lugar com crescente especulação imobiliária. O interesse inicial surge a partir do estudo de Rodrigues (2015) que realiza a descrição sobre a configuração do Turismo em Jericoacoara e as disputas que circundam os usos e permissões dos espaços tanto da vila quanto do Parque e a proposta de parceria público privada (PPP), feita pelo ICMBio. A pesquisa que participamos, acompanha as negociações sobre a atual proposta de concessão de uso do parque à empresas privadas (proposta que substitui a PPP). Estas reuniões são realizadas pelo ICMBio com atores sociais que integram os grupos envolvidos: Governo do estado do Ceará, Prefeitura de Jijoca de Jericoacoara, Conselho comunitário de Jericoacoara, Associações de caminhoneteiros, Associação Eu Amo Jeri, trabalhadores informais e representantes de estabelecimentos de serviços e pousadas. A metodologia da pesquisa baseou-se nas proposições de Little (2006) para o estudo dos conflitos socioambientais, na área de estudos da Ecologia política. A proposta é relacionar aspectos sociais, naturais ou socioambientais, dando relevância ao contexto dos fluxos processuais dos acontecimentos na vila e a identificação de sua dinâmica interna. Essa metodologia tem nos permitido perceber os atores que estão nas disputas pela gestão e controle de usos e recursos que envolvem desde o trânsito pelo PARNA até a entrada na Vila, local de fluxo onde estão concentrados hotéis e pousadas para a permanência de turistas transformando-se em uma cidade turística. Uma recente medida municipal instituiu uma taxa de turismo Sustentável (TTS) por meio de decreto sancionado em setembro de 2017, desencadeando discussões sobre o uso do recurso arrecadado. Este work, que ainda se encontra em andamento, tem por objetivo, compartilhar experiências metodológicas e apresentar os dados coletados, em campo, e os acontecimentos envolvendo uma transformação urbana com consequências sociais, culturais, políticas e ambientais por meio de demanda do Turismo praticado em Jericoacoara.
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Disputas e controvérsias sobre a apropriação do espaço público pelo turismo, no bairro Las Independencias, Comuna 13 de Medellín, Colômbia Autoria: Luiz Alexandre Lellis Mees, Christian Giovanny Álvarez López
Liliana Maria Sanchéz Mazo
Luiz Alexandre Lellis Mees
Autoria: Desde 2004, até os dias de hoje, as políticas urbanas de Medellín-Colômbia, têm se destacado, até mesmo internacionalmente, como responsáveis por uma rápida “transformação urbana”, especialmente aquelas realizadas nos bairros populares. Um dos resultados desta transformação é o posicionamento da cidade como atrativo turístico, fortalecido por normas e a criação de novas entidades.
A partir dessa premissa, a pesquisa busca analisar a incidência do turismo no cotidiano daqueles que moram no bairro Las Independencias, localizado na Comuna 13 de Medellín, a partir da apropriação social, econômica e cultural dos seus espaços públicos pelo turismo. Dentro desse processo, Las Independencias apresenta-se como um dos bairros mais impactados pela política urbana e, atualmente, recebe grande quantidade de turistas locais e estrangeiros que visitam a cidade.
A pesquisa propõe indagar questões ligadas à apropriação social, econômica e cultural dos espaços públicos, geradas pelas práticas de turismo e pelos atores imersos neste fenômeno. Considera-se que as práticas de turismo neste bairro também colocam em jogo identidades e memórias locais, assim como disputas e controvérsias na apropriação do espaço público por diferentes atores sociais, gerando novas dinâmicas urbanas, a partir de sua configuração como atrativo turístico.
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Etnografia a bordo: um olhar sob as relações socioculturais dos tripulantes e de passageiros numa experiência além-mar em um navio de cruzeiros Autoria: Felipe Gadelha Rocha Autoria: Este work visa por demonstrar um estudo efetuado dentro de um navio de cruzeiro, abordando a interação sociocultural manifestada pelos os que vivem por um tempo neste navio, os tripulantes e suas relações com os convidados, os passageiros. Este estudo teve a duração de sete meses dentro do Navio MSC Musica. Compreendendo as manifestações culturais desses moradores e seus aspectos cotidianos. Desde seu embarque até o desembarque. Bem como, entender as rotinas do navio nos trechos da temporada brasileira e na temporada pelo Mar Mediterrâneo. A relevância deste estudo se dá pela necessidade antropológica de pesquisar o “nosso desconhecido” e contribuindo assim por mais diversificação em estudos etnográficos.
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Etnografia Remota e o Uso do Google Street View: Uma pesquisa na área da Farra Velha Imperatriz-MA. Autoria: Ana Paula Pinto Pereira Autoria: O presente artigo busca explorar a importância da ferramenta Google Street View no processo etnográfico. Logo, ele compõe uma reflexão que veio a partir de um projeto de pesquisa que tem por título “Histórias e Visualidades Urbanas do Ciclo do Arroz: Imagens e Memórias na área da Farra Velha”. A referente pesquisa objetiva analisar as relações de estigma na área da Farra Velha, caracterizar as composições sociais existentes no local e construir narrativas com base nos dramas cotidianos das famílias que lá habitam. Nesse sentido, a pesquisa tem uma base antropológica e histórica, pois visa trazer a tona não só as imagens do presente, mas também do passado.
Para a realização da pesquisa supracitada, usamos como base teórica o pensamento de Eckert e Rocha (2011) sobre a Etnografia da Duração, que para as autoras, “destaca as intrigas , as diversidades de imagens e de dramas que configuram o cotidiano citadino, apreendidos como uma espécie de mapeamento simbólico do emaranhado dos ritmos vividos por seus habitantes em múltiplos territórios”. No decorrer da pesquisa etnográfica houve a necessidade de fazer uso de imagens do Google Street View como uma tentativa de compreender mais o objeto de estudo, para tanto, utilizou-se como base teórica o pensamento de Frúgoli Jr. e Chizzolini (2017) os quais abordam a relação entre etnografia face a face e etnografia virtual com base nas imagens do Google Street View e a sua pesquisa sobre os usuários de crack nas ruas do centro de São Paulo.
Portanto, entende-se que as tecnologias atuais podem ser ferramentas importantes na compreensão do nosso objeto, como alargar o tempo de observação, ratificar a observação face-a-face, facilitar a observação de áreas em que o pesquisador possa ter dificuldade em adentrar pessoalmente, mapear a região virtualmente entre outros. A etnografia virtual permite voltar ao passado pelas imagens disponíveis do Google, por meio delas é possível fazer comparações às estruturas físicas do presente, ratificar fala dos nossos interlocutores entre outros. Portanto, o referido artigo aborda como as imagens disponíveis no Google foram importantes no processo de compreensão do nosso objeto de pesquisa.
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