MR 024. Riscos, impasses e possibilidades do fazer antropológico em tempos sombrios
Guilherme Rodrigues Passamani (UFMS) - Coordenador/a, Jurema Gorski Brites (Universidade Federal de Santa Maria) - Debatedor/a, Sandro José da Silva (UFES) - Participante, Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho (Museu Nacional - PPGAS) - Participante, Sônia Weidner Maluf (PPGAS/UFSC) - ParticipanteA história da Antropologia é marcada pelo comprometimento da disciplina com causas diversas. Algumas bastante controversas. No caso da Antropologia brasileira, algumas muito salutares. Essa MR propõe debater, a partir dos acontecimentos que marcaram o Brasil em 2016, um pouco dessa movimentação de aparente retrocesso e novidades incômodas. A partir de trajetórias acadêmicas que se encontram em diferentes momentos, destacaremos como a história na Antropologia no Brasil é tecida por meio de um fazer científico comprometido com as populações estudadas e, em geral, em situações de risco político, de apagamento e de vulnerabilidades inúmeras. Há situações sintomáticas do “perigo” representado pela Antropologia no país ao se colocar ao lado daqueles que, embora compondo a maioria demográfica no campo e na cidade, ainda representam um enorme contingente de minorias sociais sujeitas a ausências de todos os âmbitos. Essa MR, então, refletirá sobre a “antropologia política do golpe”, as fronteiras agrícolas e religiosas hoje, as transformações nas relações com o trabalhado doméstico, a partir de questões étnico-raciais e de gênero, que algumas vozes, com novas roupagens, tentam desconstruir esse saber acumulado ao longo de mais de um século de Antropologia no Brasil.
Resumos submetidos |
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A Antropologia, as antinomias do real e a postura e instrumental para enfrentar (novos) tempos sombrios ou eventualmente claro-escuros Autoria: Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho Autoria: Os antropólogos, tal como o conjunto da sociedade brasileira, não podemos deixar de estar perturbados com a situação do país. Mas as perturbações não são necessariamente do mesmo tipo, nem conduzem necessariamente ao imobilismo. Creio que entre os antropólogos cabe uma reflexão coletiva - que em parte é uma rememoração - para enfrentarmos os atuais riscos, impasses e possibilidades. A rememoração parece necessária entre outros motivos para reafirmar uma postura hoje consolidada na nossa disciplina; qual seja a recusa a uma perspectiva evolucionista, esta sim, em tais tempos sombrios podendo levar à perplexidade. Também parece fundamental esta rememoração para recordar as categorias que desenvolvemos em tempos anteriores e avaliar o seu potencial hoje, bem como para prosseguir nosso esforço teórico e refletir sobre as condições de work de então vistas a partir do nosso presente.
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Antropologia política do golpe: etnografias da vida em tempos de políticas da morte Autoria: Sônia Weidner Maluf Autoria: São vários os desafios que o golpe de 2016 traz para a antropologia brasileira. A antropologia acontece na história, e o conhecimento antropológico não é imune aos acontecimentos. Proponho pensar esses desafios em dois aspectos. O primeiro mobiliza questões teóricas, conceituais, éticas e políticas, reconhecendo que as populações, comunidades e sujeitos com quem pesquisamos vivem uma situação de vulnerabilização e precarização de suas condições de vida e possibilidades de reconhecimento e autodeterminação. O segundo aspecto é o de constituir um programa etnográfico visando, de um lado, cartografar os impactos causados pelo abandono das políticas sociais e pelo avanço das políticas da morte; e, de outro, entender as novas configurações do campo político brasileiro, o aparecimento de atores políticos que combinam uma pauta reacionária, ultra neoliberal de Estado mínimo e métodos fascistas.
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Quando as bruxas somos nós: A CPI como problema antropológico Autoria: Sandro José da Silva Autoria: Em 1999, sob a acusação de que a Fundação Nacional do Índio “demarca imensas áreas indígenas sem qualquer critério confiável” a “CPI da FUNAI” questionou os direitos indígenas. Em maio de 2017 a “CPI da FUNAI e do INCRA” concluiu que indígenas e quilombolas são levados a “defender o bem como ferramenta para praticar o mal” e pediu o indiciamento de índios, antropólogos, integrantes da igreja Católica, procuradores federais, servidores da FUNAI e do INCRA. A comunicação sugere a CPI como uma modalidade híbrida de controle constitucional-moral de direitos étnicos e da atuação de antropólogxs pela ótica inquisitorial brasileira.
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