MR 018. Juventudes contemporâneas: estética, política e consumo
Alexandre Barbosa Pereira (Universidade Federal de São Paulo) - Coordenador/a, Mylene Mizrahi (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) - Participante, João Batista de Menezes Bittencourt (UFAL) - Participante, Marco Aurélio Paz Tella (Universidade Federal da Paraíba) - ParticipanteA proposta dessa mesa é discutir aspectos das juventudes contemporâneas que mobilizem, ao mesmo tempo, questões estéticas, de lazer, de consumo e de ativismos políticos. Compreende-se que o mundo passa por uma série de transformações a partir do desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação e que essas incidem diretamente nos modos de ser jovem, oferecendo, como afirma Appadurai, novas possibilidades imaginativas. Em outras palavras, os sujeitos considerados jovens e suas práticas culturais seriam, simultaneamente, protagonistas e resultado dessas transformações. Nesse processo, as diferentes formas de ocupar o tempo livre associadas aos novos ativismos políticos, em muitos casos atrelados a manifestações artísticas, apresentam-se como uma arena fundamental de expressão de novos estilos de vida. Despontam, assim, no mundo atual, uma série de insurgências juvenis que desafiam perspectivas simplistas que buscam encaixá-las numa chave dual de entendimento. Há, portanto, novas formas de atuação social que não podem ser reduzidas a um único espectro político, fugindo, portanto, a enquadramentos fáceis. Nesse sentido, a mesa busca apresentar novas possibilidades de entendimento das juventudes contemporâneas a partir das relações com o consumo, a produção artística, a indústria cultural, a política, as gerações, as identidades de gênero e étnico-raciais.
Resumos submetidos |
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Ser artista e periférico: reflexões sobre as trajetórias de jovens artistas alagoanos. Autoria: João Batista de Menezes Bittencourt Autoria: A proposta da comunicação é apresentar alguns desdobramentos de uma pesquisa realizada entre os anos de 2016 e 2018 na cidade de Maceió – Alagoas e cuja proposta versa sobre as táticas (Certeau, 2008) produzidas por jovens artistas e/ou ativistas culturais com o intuito de dar visibilidade às suas produções. Levarei para a mesa algumas reflexões sobre as trajetórias dos/as jovens entrevistados/as para mostrar como estes/as constroem suas percepções sobre arte e sobre a posição que ocupam dentro deste campo. Ao analisar os relatos dos interlocutores pude constatar que as motivações para o engajamento em atividades culturais e para a formação de um gosto artístico foram produzidas fora de casa, em contato com grupos de pares e agências socializadoras como escolas e igrejas, confrontando a percepção bourdieusiana de que o capital cultural é transmitido via socialização familiar.
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Territorialidades a apropriações de espaços públicos: práticas juvenis negra em cidades de pequena escala Autoria: Marco Aurélio Paz Tella Autoria: Minha proposta é analisar formas de se relacionar e se apropriar de espaços urbanos por práticas culturais e estilo de vida de grupos juvenis negros ligados ao break dance. Pretendo refletir na perspectiva de subversão e ressignificação do uso do espaço, a partir de práticas artísticas ligadas ao hip-hop, em cidades de pequena escala, numa região – conhecido como litoral norte paraibano – marcada e influenciada pela cultura indígena potiguara. Desejo observar a percepção desses jovens sobre a cidade, seus espaços urbanos e como reagem aos problemas colocados como racismos, cidades fragmentadas e ausência de espaços públicos. Pretendo explorar, além das práticas culturais, os elementos culturais globais e as apropriações e ressignificações em conformidade com as características locais; os processos de territorialidades acionados; o estabelecimento de conexões interurbanas.
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Corpos em trânsito: politização da estética e processos de subjetivação juvenis no Rio de Janeiro Autoria: Mylene Mizrahi (Pontifícia Universidade Autoria: Nessa exposição exploro a dimensão política das estéticas corporais e das estratégias de auto-apresentação de sujeitos juvenis provenientes de áreas periféricas em sua circulação pelo Rio de Janeiro. Abordo a produção dessa estética a partir da incorporação de bens que são amplamente disponibilizados pelo mercado fazendo o consumo surgir como um insumo. É na relação com os corpos biológicos que essa produção se engendra, permitindo reconceituar simultaneamente o corpo, a pessoa e os objetos materiais. Nesse processo de produção do self juvenil, feito junto a seus corpos, serão levadas em consideração tantos as coisas que tradicionalmente apreendemos como produtoras de estéticas corporais – aquelas próximas, aos corpos, como roupas, cabelos, tatuagens e outros adornos corporais – mas também as motocicletas, os carros, os dispositivos eletrônicos, entre outros.
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