MR 012. Dramas técnico-morais de Estado: sobre tecnologias, moralidades e afetos que fazem o bom e o mau governo das vidas
Adriana de Resende Barreto Vianna (Museu Nacional/UFRJ) - Coordenador/a, Adriana de Resende Barreto Vianna (Museu Nacional/UFRJ) - Participante, Angela Mercedes Facundo Navia (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) - Participante, Maria Gabriela Lugones (Universidad Nacional de Córdoba) - Participante, Leticia Carvalho de Mesquita Ferreira (CPDOC/FGV) - Debatedor/aA mesa dedica-se à discussão,a partir de três investigações etnográficas distintas, de dinâmicas complexas entre linguagens, saberes e atores ancorados em especialidades “técnicas” de governo e os acionamentos morais e afetivos mobilizados por aqueles que participam de tais situações. Longe de localizar em polos opostos a dimensão “técnica” e a “moral-afetiva”, o que se busca explorar são seus borramentos, distinções contingenciais e trânsitos estratégicos. O exercício da “compaixão profissional” dos especialistas administrativos do refúgio compõe parte central da produção da verdade singular do sujeito refugiado, do refúgio como um todo e da grande verdade na Nação, como demonstra Facundo. De forma semelhante, as experiências de familiares de presos provisórios em busca de informação e recursos para agir em cenários que lhes parecem opacos, permite que apreendamos modos pelos quais o “Estado” é vivido como ordem fundamentalmente injusta – e imoral, portanto – que atravessa e compõe compromissos afetivos densos, como busca discutir Vianna. Por fim, a avaliação nos tribunais do (mau) proceder funcional de magistrados cordobeses em processos relativos à ditadura argentina, permite-nos refletir sobre crenças compartilhadas e universos socio-morais comuns entre agentes judiciais e perseguidos políticos, como aponta Lugones. Em todos os casos estão em jogo processos de reordenamento e codificação de sofrimentos que produzem simultaneamente vidas sob escrutínio e modos de governo.
Resumos submetidos |
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Afetos atordoados: gênero, moralidade e agência entre familiares de presos provisórios Autoria: Adriana de Resende Barreto Vianna Autoria: A apresentação parte do que podemos chamar de batalhas técnico-afetivas travadas por familiares de presos provisórios no Rio de Janeiro em busca de informações e recursos de toda ordem para lidar com a experiência de ter alguém de seu circulo familiar detido e encarcerado. Frente à opacidade dos mecanismos legais-administrativos que gerem essa detenção, familiares elaboram estratégias para compreender e agir sobre as diferentes etapas desse processo, peregrinando por instituições e participando de trocas de informações em diferentes redes e instâncias. Em meio a assimetrias diversas, as dinâmicas de gênero desempenham papel vital, tecendo parte das linguagens morais que permitem simultaneamente confrontar a injustiça do “Estado” e criar recursos para atuar na malha administrativa que compõe o sistema prisional.
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Compaixão profissional e produção de verdades Autoria: Angela Mercedes Facundo Navia Autoria: Partindo de uma pesquisa sobre o universo institucional brasileiro do refúgio, propomos analisar o que denominamos de compaixão profissional. Os agentes que participam do processo de seleção de refugiados são apresentados como profissionais dotados de autoridade e competência para interpretar o conteúdo da narração, mas também as emoções mobilizadas. A compaixão profissional obedeceria a princípios de objetividade, racionalidade e competência técnica que a diferenciariam da compaixão comum. Nessa medida, a interpretação adequada do sofrimento dos outros também é uma forma de legitimar o exercício profissional dos agentes, o inscrevendo no espaço da gestão política. Eles têm a responsabilidade de produzir, junto com cada sujeito, a verdade singular de si mesmo, que vai construindo a verdade plural dos refugiados e vai se incorporando à produção da grande verdade da nação.
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