MR 006. Artes, religião e memória: explorando transversalidades
Fernanda Arêas Peixoto (Universidade de São Paulo) - Coordenador/a, Emerson Giumbelli (UFRGS) - Participante, Christina Vital da Cunha (Universidade Federal Fluminense) - Participante, Fernanda Arêas Peixoto (Universidade de São Paulo) - Participante, Paola Lins de Oliveira (PPCIS/UERJ) - Debatedor/aO objetivo desta mesa redonda é propor articulações entre os temas da memória, da religião e das artes recorrendo a situações etnográficas e casos precisos. Tais situações serão exploradas para mostrar como, a partir de cada um dos temas em exame, chega-se, por meio de mediações que é preciso analisar e compreender, aos demais. As articulações projetadas exploram dois vetores, que dialogam com discussões relevantes na antropologia contemporânea. De um lado, representações, discursos e projetos que, em meio a controvérsias, contêm ou incidem em dimensões políticas, como mostram, por exemplo, os museus e as intervenções urbanas voltados para uma reflexão sobre direitos. De outro lado, objetos, materiais e volumes, dos mais ínfimos e voláteis até os mais monumentais e permanentes, que interpelam uma reflexão sobre os espaços e suas relações com agentes humanos e não humanos. Portanto, o debate proposto dirige-se aos domínios das artes, da religião e da memória não a partir de antropologias específicas ou especializadas, mas apostando em transversalidades que ativam discussões mais amplas.
Resumos submetidos |
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Em busca do tempo: os objetos-oratórios de Farnese de Andrade Autoria: Fernanda Arêas Peixoto Autoria: Falando dos objetos criados a partir da década de 1960, Farnese de Andrade afirma: “A estas [oratórios e caixas antigas] chamei de Em busca do tempo – não o tempo perdido de Proust, mas o que não existe, que as fotos tentam colher e imobilizar”. Com tal assertiva, o artista declara a motivação, perturbadora, de seu work: a sistemática recolha de materiais e objetos usados e descartados, longe de visarem recuperar o passado, trazendo-o para o presente, buscam imobilizá-lo. Nesse sentido suas composições, que se valem de partes do corpo de bonecas, santos de gesso, ex-votos, utensílios cotidianos, oratórios, pedaços de móveis etc., e que evocam o imaginário social e religioso mineiro, menos do que se referir à história das Minas Gerais e à sua própria história pessoal, querem manter o passado como presença imóvel... uma arte que se vale da memória, deliberadamente, contra ela?
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Imagens “amorificadas” na cidade: uma análise de grafites cariocas Autoria: Christina Vital da Cunha Autoria: Pretendo explorar modalidades de presença do amor no espaço público a partir da análise de trajetórias e produções de grafiteiros cariocas. Suas intervenções em diferentes suportes anunciam memórias pessoais e de um coletivo imaginado, demandas políticas e valores identificados como religiosos ou espiritualistas. Busco compreender como os artistas estudados se apropriam de uma linguagem “amorificada” produzindo e atualizando narrativas motivacionais e de confronto ao poder, à ordem, ao espírito blasé na cidade. Os sentidos atribuídos pelos grafiteiros às suas obras, à “religião”, política, arte, amor são aspectos centrais na análise. O status desta pesquisa: work in progress como o são os grafites em seu contínuo movimento de produção e apagamento. As imagens descongeladas nos permitem, enfim, pensar diferentes dinâmicas operadas em trajetórias singulares e na vida pública em cada tempo.
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O que fazem monumentos religiosos? Autoria: Emerson Giumbelli Autoria: Proponho uma reflexão sobre a ideia de monumentos religiosos. A categoria monumentos visa cobrir tanto objetos com essa designação, quanto um modo de existência material que a palavra monumentalidade serve para definir. Nesses sentidos, a categoria monumentos será problematizada nas três dimensões propostas pela mesa. Primeiro, como marcos espaciais que mantêm alguma relação com a temporalidade. Segundo, como objetos cuja estética é uma faceta inerente de sua existência. Terceiro, em seu encontro com empreendimentos e referências religiosas, considerando eventuais transformações que revelam a própria maneira de definir “religião”. Alguns monumentos e santuários católicos de construção recente constituem o universo empírico em que se apoiam minhas reflexões.
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